domingo, 25 de março de 2012

Abandono ou Folhas de Outono



Abandono o que já abandonei. 
Abandono todas as rotas já trilhadas,
Abandono todos os sistemas,
Abandono a ordem,
Abandono o caos,
Abandono todas as crenças, dogmas e rituais;
Abandono tudo o que todos os mestres que tenham seus seguidores já falaram e deixaram escritos,
Abandono os meus e os seus julgamentos,
Despojo-me de todo barro que fui moldado,
Não participo de nada que seja contra minha vontade. Somente o meu respeito a vocês tem o poder de me Fazer presente, contudo, saiba estou naquele momento por você.

Respeito e Amizade Foi, É e Será o que nos mantém. Sem esses dois pilares, és apenas fumaça que se dissipará no ar. Enquanto as colunas tiverem reparo serei pedreiro incansável para a manutenção dessas duas colunas o que até pode a deixar mais forte e bela do que a original.

Abandono tudo o que rotulam o que sou até o fim dessa existência.
Abandono o tudo e o nada.
Daí vão perguntar: Abandona o Vasco também? :P
Não... Não abandono nada que constitui meu espírito e o que já foi conquistado por ele.
Quero pra mim o mais difícil, os caminhos sem atalhos.
Folhas em branco todos os dias. Chega desse negócio de continue a redação...
O prazer de Ser eu mesmo caminhando para nenhum fim.
Meu nome é Junior Celso, Trigo para os amigos; apenas mais uma estrela ao seu lado!

Novos Rumos para esse blog e para minha vida!! ;D

terça-feira, 20 de março de 2012

Ao resolver lê-se.

"(...)Abra o Livro de TI MESMO, pega e lê. Comei, pois este é o teu corpo; bebei, pois este é o sangue de tua redenção. O sol que tu vês durante o dia, e a lua que tu contemplas durante a noite, e todas as estrelas do céu que queimam sobre ti, são parte de ti mesmo – são tu mesmo. E assim é a taça do Espaço que os contém, e o vinho do Tempo em que eles flutuam; pois esses dois são parte de ti – são Tu mesmo. E também Deus quem os lança para fora dos cofres de seu tesouro. Ele, também, embora tu não saibas disso, é parte de ti – é TU MESMO. Tudo está em ti, e tu estás em tudo, e a existência não está isolada, sendo apenas uma rede de sonhos em que os sonhadores da noite estão enlaçados. Leia, e tu te tornaras; comei e bebei, e tu serás.

Embora fraco, tu és teu próprio mestre; não dê ouvidos aos tagarelas de palavras vãs, e tu te tornarás forte. Não há nenhuma revelação exceto a tua própria. Não há entendimento exceto o teu próprio. Não há consciência à parte de ti, mas que é mantida feudal para ti no reino de tua Divindade. Quando tu saberdes tu saberás, e não haverá nenhum outro além de ti, pois tudo se tornou como uma armadura em torno de ti, e tu mesmo um invulnerável e invencível guerreiro da Luz. (...)"

















Fragmento: A Criança - The Equinox. - Vol I, No. I, An V, ☉ in ♈, MARÇO DE MCMIX

sábado, 17 de março de 2012

A Travessia do Abismo - Uma compreensão arquetipica cabalistico.


Em Malkuth começa o trabalho do despertar da centelha e elevação da mesma através dos Sephiroths.
Malkuth pode ser comparada ao mito de Perséfone (ou Proserpina entre os romanos), onde a historia do mito narra a violação de Perséfone por Hades obrigando-a a seu exílio sob a Terra.
Segundo Israel Regardie existem dois métodos básicos de consecução espiritual baseados no uso direto da Arvore da Vida: Um é a meditação e o outro é o Ritual. O objetivo de seguir esses dois processos, é atingir o Coração da Árvore, o centro cristico, (Tipheret), onde terá a visão e conversação do Sagrado Anjo Guardião. Por esses dois métodos o adepto transcende o que ele pensa ser, ascendendo pelos sephiroths.
Esta subida realiza-se pelo Pilar do Meio, isto é, a coluna central da árvore formada por Malkuth, Yesod, Tiphareth, Daath, Kether. Esse caminho também é conhecido em outras sociedades herméticas como: O da Pomba, ou, A Flecha.
Em nível energético assim se faz a subida da Kundalini, simbolizado pelo Caduceu de Hermes pelos Gregos, Toth para os egípcios.
Segundo Israel Regardie, esse método de elevação da Kundalini, ou de conscientização da essência do espírito, se dá através da conciliação das energias opostas encontradas na Árvore cabalística, essa conciliação se efetua no pilar central, ou pilar do meio/equilíbrio, e é nesse equilíbrio onde nasce o dialogo com o Sagrado Anjo, o Self. Essa é a meta e o objetivo de todo praticante de magia e de todos aqueles que se dedicam ao auto-conhecimento, pois é o próprio Anjo quem prepara o adepto para a próxima etapa, a travessia do abismo de Daath.

Daath é uma sephira oculta, invisível, que se encontra entre Tiphereth e Kether.

  
Representa o abismo que separa a nossa percepção dual da percepção una. Acima do abismo de Daath não ha dualidade, abaixo do abismo tudo é dual.
Nela se encontra a hipertrofia de toda a ilusão do Universo e de todas as esferas abaixo dele que vão de Chesed a Malkuth.
É como se houvesse uma dobra na Criação que desse a percepção da divisão da realidade sobre a ilusão do espaço e do tempo através daquilo que foi gerado em Binah, portanto Daath paira sobre o abismo na fronteira entre os mundos da criação e da formação.

Abaixo do abismo é o plano da existência finita e condicionada. O abismo é uma região de tensão permanente entre o Macrocosmo e o Microcosmo, sendo a sede das forças dissolventes que o profano conhece como demônios. Isso é referente na bíblia segundo o qual Cristo (o iniciado em Tipheret) deve primeiro “descer aos infernos” Qliphóticos antes de proceder aos céus Sephiróticos.

Segundo Crowley, no Abismo todas as coisas existem, realmente, pelo menos em posse, porém não possuem nenhum significado possível; pois elas carecem do substrato da realidade espiritual. Elas são aparências sem Lei. Ilusões Insanas. Choronzon é o Habitante do Abismo; ele é lá a obstrução final. Se ele for enfrentado com a preparação própria, então o ego poderá ser destruído, o que permitirá ao adepto mover-se para além do Abismo. Se não estiver preparado, então o desafortunado viajante será completamente disperso em aniquilação.

Para Jung a sombra tem um componente pessoal, formado pelos aspectos da psique individual que são rejeitados e recalcados pelo ego, mas além disso, o núcleo da sombra (Chorozon) é uma estrutura arquetípica que atrai esse material e o organiza segundo uma configuração transpessoal, porque Daath é a fronteira entre o eu pessoal, imerso no espaço tempo e o plano arquetípico da realidade.
Essa energia aprisionada na sombra (Inconsciente) que depois de assimilada e integrada na luz da Consciência é o que permite a liberação do ego. Atravessa-se assim o Abismo!

Percorrer a travessia do Abismo é inevitável para todos os adeptos que desejam alcançar A Coroa em Kether, o caminho é longo, o tempo a se percorrer indecifrável.
A consciência tendo transcendido totalmente o ego, torna-se espiritualmente pleno; recuperando e preenchendo o Ser de seu potencial original.

Celso Junior / Trigo

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Surfista Prateado e a Liberdade de Ser.


Liberdade
Marcelo Camelo

Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom
Daqui não, eu vivo a vida na ilusão
Entre o chão e os ares, vou sonhando em outros ares
Vou fingindo ser o que já sou, fingindo ser o que já sou
Mesmo sem me libertar, eu vou

É, Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro
Seguro de que vale ser aqui
De que vale ser aqui onde a vida é de sonhar Liberdade

Compreendendo e liberando A Raiva.

                                          

A raiva é um dos sentimentos mais fortes que o ser humano costuma cultivar. Ela surge quando nosso desejo é contrariado, quando nos sentimos desprezados, diminuídos ou desvalorizados. Ou seja, todos estes sentimentos têm sua origem no ego, aquela porção dentro de nós que sempre quer levar a melhor numa discussão, que não pode jamais deixar uma ofensa sem resposta e se preocupa em demasia com o julgamento alheio a nosso respeito. Combater essa parcela de nosso ser não é nada fácil. Exige em primeiro lugar uma atenção permanente, um exercício de observação interior que pode nos ajudar a detectar quando nosso ego negativo entra em ação. Uma das reações mais comuns do ego negativo é culpar os outros por nossas próprias dificuldades, sempre buscar colocar em algo exterior a responsabilidade por nossas limitações e problemas.
Ao contrário, o lado luminoso de nosso ser, nosso Eu divino, ajuda-nos a tomar consciência de nossas pequenas fraquezas, nossos medos e limitações, e a encontrar forças para vencer nosso ego negativo. Para isso, é necessário que acreditemos na existência desse Eu Superior que se oculta em nossa consciência, e busquemos diariamente o contato com ele, de modo a guiar nossas ações por sua sabedoria. Este é o caminho mais seguro para aprendermos a controlar a raiva e a analisar exatamente, a cada momento, qual a verdadeira razão que se esconde por trás de nossa raiva.
Osho tem um texto muito interessante sobre a raiva, que gostaria de compartilhar com vocês, pois ele pode ser de grande ajuda na análise e compreensão de nossa verdadeira natureza.

Elisabete Cavalcante

Compreendendo e liberando a raiva

“Quando a raiva surge, imediatamente ficamos ligados na pessoa que nos deixou com raiva e nunca naquele que está sentindo raiva. Se você é a causa da minha raiva, imediatamente começo a pensar sobre você e esqueço de mim completamente, embora a parte efetiva seja eu, que fiquei com raiva.
                                                               
Aquele que causou a raiva foi apenas uma causa, uma desculpa. Ele não importa mais. Ele jogou um palito de fósforo e explodiu a pólvora que existe dentro de mim. A centelha seria inútil se não houvesse munição dentro de mim. O que eu vejo não é a pilha de munição dentro de mim, mas a centelha do adversário. Então sinto que foi ele que causou todo o incêndio dentro de mim. A verdade é: ele apenas jogou um palito; foram os explosivos em mim que incendiaram. E também é possível que o homem possa não ter atirado o fósforo intencionalmente. Ele pode nem sequer estar ciente da conflagração dentro de você. Você coloca toda a culpa por esse fiasco na outra pessoa. Assim, muitas das vezes o pobre homem não pode entender porque uma coisa tão pequena lhe perturbou tanto! A dificuldade é sempre essa. O assunto em questão é sempre bastante trivial, mas a raiva que é inflamada é colossal. Assim, aquele que causa a raiva fica sempre com dificuldade de entender como uma afirmação tão comum pode provocar tanta ira!Você mesmo pode, às vezes, ter ficado admirado de uma simples fala sua ter encolerizado tanto uma outra pessoa. Mas essa é uma falácia natural. Todo o fogo que queima dentro de mim, eu sinto que foi você quem criou. Você joga a fagulha e a pólvora que existe dentro de mim explode. O quanto ela se espalha, é difícil de contar. Sempre que a raiva se apodera de nós, nossa atenção fica focada na pessoa que a causou. Nesse caso, é difícil sair da raiva.
Quando alguém provocar raiva em você, esqueça a pessoa imediatamente e concentre-se naquele a quem a raiva está acontecendo. (...) E comece a olhar para dentro – para aquilo que está acontecendo dentro! Não reprima. Permita completa liberdade ao que estiver acontecendo. Feche-se no seu quarto e mergulhe totalmente no que está acontecendo. É melhor ver o que está acontecendo, da forma mais clara possível. Se a raiva vocifera dentro, grite, berre, pule, fale, murmure, faça o que lhe aprouver. Feche as portas e observe a sua própria loucura em sua inteireza, pois os outros já a testemunharam muitas vezes. Só você que não viu; os outros já se divertiram às suas custas. Você só toma ciência quando a coisa acabou, quando o fogo se foi e só restaram as cinzas. (...) Se você quiser observar a raiva em sua inteireza, você terá que observá-la sozinho, na privacidade de seu quarto. Então, sozinho, você pode vê-la na totalidade, pois, então, não haverá nenhuma limitação. É por isso que aconselho a meditação do travesseiro para algumas pessoas, de modo que elas possam observar sua raiva na totalidade”

OSHO, The Way of Tao, V.1, # 5

quinta-feira, 1 de março de 2012

Vontade de Potência ou Verdadeira Vontade

Palavras são animais traiçoeiros, que arrastam consigo toda a história de sua utilização pregressa. Ao escolhermos uma palavra corrente para designar um conceito novo, seus sentidos coloquiais permanecem na sombra, à espreita, e acabam engolindo o novo com a bocarra insaciável do familiar. Foi esse o risco em que Friedrich Nietzsche incorreu ao definir o conceito central de seu sistema - porque Nietzsche era um pensador sistemático, embora a forma de apresentação de suas idéias fosse assistemática - como Vontade de Potência (Wille zur Macht). Foi esse também o equívoco de Aleister Crowley quando, inspirado por Nietzsche, definiu o que há de mais fundamental no universo como Verdadeira Vontade (True Will).

Tanto um quanto o outro queriam fugir do preconceito substancialista que consiste em definir o Ser em estado puro, a realidade-em-si, como um sujeito sobrenatural, isto é, como uma entidade dotada de qualidades antropomórficas (como quando pensamos no Espírito impessoal como um espírito personalizado, uma cópia etérica de nós mesmos, geralmente com o requinte de dotá-lo de braços, pernas e cabeça). Em uma palavra, Nietzsche e Crowley (que provavelmente se inspirou em Nietzsche, embora o filósofo não apareça na bibliografia que ele indica em Magick in Theory and Practice) pretendiam combater a noção de que nossa essência espiritual fosse um ego semelhante ao que imaginamos carregar dentro de nossas cabeças, só que livre das limitações materiais deste último. A prova disso é que uma parte significativa dos aforismas de Nietzsche é uma análise dos processos por meio dos quais os preconceitos psicológicos e hábitos lingüísticos produzem a falsa crença em um ego, assim como Crowley definiu a Travessia do Abismo como o ponto em que o sujeito é estripado de si mesmo e as ilusões do ego lhe são arrancadas pela pressão exercida pelas forças impessoais das Sephiroth superiores, Binah e Hockmah.

Ao se tratar de um vocábulo derivado da linguagem psicológica, empurra o leitor inevitavelmente para a tentação de interpretar essa Vontade como a minha vontade, dessa forma reintroduzindo o ego através do ato mesmo pelo qual se pensava tê-lo exorcizado. Deus sabe o que os nazistas fizeram ao se apoderar da Vontade de Potência (com a cumplicidade canalha da irmã e do cunhado de Nietzsche, que não tiveram escrúpulos em torcer, mutilar e adulterar os escritos do filósofo para fazê-lo caber na perspectiva estúpida e canhestra do pintor de paredes austríaco). Deus sabe também quantas barbaridades egocêntricas e atitudes prepotentes já não invocaram em vão o santo nome de thelema, a palavra grega para "vontade" que está no coração do sistema de Crowley. Deus sabe - mas afinal, Deus está morto, esse Deus pensado de forma igualmente prepotente e egocêntrica, e não por acaso, uma vez que ele é ao mesmo tempo a matriz e a hipóstase desse sacrossanto eu pessoal, a quem atribuímos uma vontade também ela personalística.

A palavra VONTADE para ser bem compreendida, deve ser pensado em termos análogos aos do Brahman hindu, do Dharma budista ou do Tao chinês. Poderíamos dizer que se trata uma força, mas isso também seria uma metáfora que, se tem a vantagem inegável de ser impessoal, do outro já anda em franco processo de deterioração sob o efeito implacável da entropia semântica. Quantas vezes já não ouvimos uma riponga deslumbrada ou um neueigista descolado exclamarem que, "ah, Deus pra mim é uma energia", quando na verdade continuam a pensá-lo como um Papai do Céu tranqüilamente sentado sobre as nuvens - se duvidar, cofiando sua portentosa barba branca enquanto aspira o delicado perfume dos incensos queimados em Sua honra? E como se pode fazer alguma coisa em honra de Alguém se, precisamente, esse alguém não for imaginado como alguém?

À formulação final da Vontade de Potência pelo pensador alemão, não é difícil reconhecer esta última na paráfrase que Nietzsche faz das idéias do grego sobre o apeiron: "O ser originário assim denominado está acima do vir-a-ser e, justamente por isso, garante a eternidade e o curso ininterrupto do vir-a-ser. Essa unidade última naquele 'indeterminado', matriz de todas as coisas, por certo só pode ser designada negativamente pelo homem, como algo a que não pode ser dado nenhum predicado do mundo do vir-a-ser que aí está, e poderia, por isso, ser tomada como equivalente à 'coisa-em-si' kantiana."

Para terminar, resta apenas mostrar onde é que a Verdadeira Vontade de Crowley se encaixaria nessa equação. Para isso, basta lembrar que a principal personificação da True Will nos escritos de Crowley é o deus egípcio Ra-Hoor-Khuit, um dos epítetos de Hórus, a respeito de quem ele escreve logo no capítulo 0 de Magick in Theory and Practice:


"O Espaço infinito é chamado a Deusa NUIT, e o ponto infinitamente pequeno e atômico, no entanto, Onipresente, é chamado de HADIT. Estes são imanifestos. Uma conjunção destes dois infinitos é chamada RA-HOOR-KHUIT, uma Unidade que inclui e dirige todas as coisas."