sábado, 26 de novembro de 2011

Aprendendo a Imaginação Ativa

Lembro-me da história que uma sábia senhora me contou: durante uma longa excursão por países que sempre sonhou visitar, ela foi obrigada a compartilhar o quarto com uma mulher que lhe era completamente incompatível. De início, ela sentiu que isso iria inevitavelmente estragar a viagem. Mas logo percebeu que iria desperdiçar um dos momentos mais interessantes e agradáveis de sua vida se permitisse que sua aversão por aquela mulher estragasse sua viagem. Portanto, ela se decidiu a aceitar a sua companheira incompatível e se desligou dos sentimentos negativos e da própria mulher, ao mesmo tempo que continuava sendo amistosa e gentil para com ela. Essa técnica funcionou às mil maravilhas e a sábia senhora conseguiu desfrutar imensamente a excursão.
Ocorre exatamente o mesmo com os elementos do inconsciente que nos causam aversão e que sentimos que nos são incompatíveis. Se nos damos o luxo de sentir raiva desses elementos, estragamos a nossa viagem através da vida. Se formos capazes de aceitá-los pelo que são e tratá-los bem, descobriremos com muita freqüência que eles, afinal de contas, não são assim tão maus; e pelo menos livramo-nos de sofrer sua hostilidade.
No confronto com o inconsciente, a primeira figura que encontramos geralmente é a sombra pessoal. Já que na sua maior parte ela consiste naquilo que rejeitamos em nós mesmos; geralmente ela nos é tão incompatível quanto a companheira de viagem daquela senhora. Se hostilizarmos o inconsciente, ele se tornará cada vez mais insuportável; mas, se formos amistosos — reconhecendo o seu direito de ser como é —, o inconsciente passará por uma admirável transformação.
Uma vez, quando sonhei com uma sombra que me era especialmente odiosa mas que, por experiência anterior, eu era capaz de aceitar, Jung me disse: "Agora o seu inconsciente está menos brilhante, mas muito amplo. Você sabe que, embora sendo uma mulher inegavelmente honesta, você também pode ser desonesta. Talvez seja desagradável mas, na verdade, é um ganho imenso." Quanto mais avançamos, mais percebemos que cada alargamento da consciência é, na verdade, o ganho maior que podemos alcançar. Quase todas as nossas dificuldades na vida devem-se ao fato de que a nossa consciência é por demais estreita para encontrá-las e compreendê-las; e nada nos ajuda mais no processo de compreendermos essas dificuldades do que aprendermos a entrar em contato com elas na imaginação ativa.

davidope4 Gifs animados muito loucosDentre os usos da imaginação ativa, o maior deles é colocar-nos em harmonia com o Tao — e assim as coisas certas, não as erradas, acontecem à nossa volta. Talvez falar do Tao chinês possa trazer um toque de exotismo a uma coisa que, na verdade, nada mais é que a simples experiência cotidiana; mas, ainda assim, encontramos o mesmo significado na nossa linguagem mais coloquial: "Esta manha ele levantou da cama pelo lado errado" (ou, como dizem os suíços, "com o pé esquerdo"). Essa expressão descreve muito bem uma condição psicológica na qual não levantamos em harmonia com o nosso inconsciente. Somos mal-humorados e desagradáveis e — assim como a noite segue-se ao dia — segue-se que temos um efeito desintegrador sobre o nosso ambiente.
Todos nós já experimentamos o fato de que as nossas intenções conscientes estão sempre sendo frustradas por oponentes desconhecidos — ou relativamente desconhecidos — no nosso inconsciente. Talvez a definição mais simples da imaginação ativa seja dizer que ela nos dá a oportunidade de iniciar negociações com essas forças (ou figuras) no nosso inconsciente e, com o tempo, chegar a um acordo com elas. Nesse aspecto, a imaginação ativa difere dos sonhos, pois neles não exercemos nenhum controle sobre o nosso comportamento. Na maioria dos casos na análise prática, é claro, os sonhos são suficientes para restabelecer um equilíbrio entre o consciente e o inconsciente. Somente em alguns casos algo mais é exigido. Mas, antes de prosseguirmos, eu gostaria de apresentar uma breve descrição das técnicas que podem ser utilizadas na imaginação ativa.
A primeira coisa é estar só e, na medida do possível, livre de qualquer interrupção. A pessoa deve sentar-se e concentrar-se em ver ou ouvir qualquer coisa que emerja do inconsciente. Quando essa "imagem" for alcançada — e em geral isso está longe de ser fácil —, deve-se evitar que ela volte a afundar no inconsciente desenhando, pintando ou escrevendo aquilo que foi visto ou ouvido. As vezes é possível expressá-la melhor através do movimento ou da dança. Algumas pessoas não conseguem entrar em contato com o inconsciente de modo direto. Uma abordagem indireta que muitas vezes revela muito bem o inconsciente, consiste em escrever histórias sobre, aparentemente, outras pessoas. Essas histórias sempre revelam aquelas porções da psique do próprio escritor das quais ele(a) está completamente inconsciente.
Em qualquer dos casos, o objetivo é entrar em contato com o inconsciente; esse contato dá ao inconsciente a oportunidade de se expressar, de um modo ou de outro. (As pessoas que estão convencidas de que o inconsciente não tem vida própria, não devem sequer tentar esta prática.) Para dar essa oportunidade ao inconsciente é necessário, quase sempre, superar um grau variável de "limitação consciente" e permitir que as fantasias, que estão sempre mais ou menos presentes no inconsciente, venham à consciência. (Jung certa vez me disse que acreditava que o sonho prossegue continuamente no inconsciente, mas em geral precisa do sono e da completa suspensão da atenção às coisas de fora para poder registrar-se na consciência.) De modo geral, o primeiro passo na imaginação ativa é aprender a, digamos assim, ver ou ouvir o sonho em estado de vigília.

Em outros trabalhos seus; Jung inclui o movimento e a música entre os caminhos através dos quais é possível alcançarmos essas fantasias. Ele sugere que o movimento — embora possa ser da maior ajuda para dissolver a limitação da consciência — traz consigo a dificuldade do próprio registro dos movimentos em si; e que, se não houver nenhum registro exterior, é impressionante a rapidez com que as coisas que surgem do inconsciente desaparecem da mente consciente.
Jung sugere que os movimentos liberadores sejam repetidos até se fixarem realmente na memória; mas, mesmo assim, minha experiência demonstra que também é aconselhável desenhar o padrão criado pela dança (ou movimento) ou escrever algumas palavras descritivas para evitar que esse padrão desapareça por completo no prazo de alguns dias.
Existe ainda uma outra técnica para lidar com o inconsciente através da imaginação ativa, a qual sempre considerei de extrema ajuda: a conversação com os conteúdos do inconsciente que parecem personificados.
É claro que é da maior importância saber com quem estamos falando, em vez de imaginar que qualquer voz está proferindo palavras inspiradas pelo Espírito Santo! Com a visualização, isso se torna relativamente fácil. Mas isso também é possível, quando não existe visualização, pois a pessoa pode aprender a identificar as vozes ou o modo de falar e assim evita cometer erros. Além disso, essas figuras são paradoxais; elas têm lados positivos e lados negativos, e um geralmente interrompe o outro. Nesse caso, você pode julgar melhor através do que é dito.
Existe uma regra muito importante que sempre deveria ser observada em qualquer técnica de imaginação ativa. Quando a praticamos, precisamos dar toda a nossa atenção consciente às coisas que dizemos ou fazemos — tanta atenção (ou ainda mais) do que daríamos a alguma situação importante da vida exterior. Isso impedirá que ela continue sendo uma fantasia passiva. Mas depois de termos feito (ou dito) tudo o que queríamos, precisamos ser capazes de deixar a nossa mente "em branco" para podermos ouvir (ou ver) as coisas que o inconsciente quer nos dizer (ou fazer).
A técnica — tanto para o método visual quanto para o auditivo — consiste, primeiro de tudo, em sermos capazes de deixar que as coisas aconteçam. Mas não devemos permitir que as imagens se transformem como um caleidoscópio. Vamos supor que a primeira imagem seja um pássaro; deixada a si mesma, com a rapidez do relâmpago ela pode se transformar num leão, num navio em alto-mar, na cena de uma batalha ou em qualquer outra coisa. A técnica consiste em fixar nossa atenção sobre a primeira imagem e não deixar o pássaro escapar até que ele tenha explicado por que apareceu, qual a mensagem que ele nos traz do inconsciente e o que ele quer saber de nós. Eis aí a necessidade de entrarmos, nós mesmos, na cena ou na conversação. Se omitirmos esse estágio depois de aprender a deixar que as coisas aconteçam, a fantasia poderá mudar (como descrevi acima) ou então, mesmo que a primeira imagem se mantenha, ela terá a passividade visual do cinema ou a passividade auditiva do rádio. Ser capaz de deixar que as coisas aconteçam é um passo extremamente necessário mas, se nos entregamos a ele por um tempo excessivo, logo se torna prejudicial, Todo o propósito da imaginação ativa é fazer com que cheguemos a um acordo com o nosso inconsciente; para isso, precisamos nos entender com o inconsciente e só o conseguiremos se estivermos firmemente enraizados em nós mesmos.

BARBARA HANNAH

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Freud e o diabo

"Sería muito simpático que Deus existiisse, que houvesse criado o mundo e fosse uma verdadeira providência; que existisse uma ordem moral no universo e na vida futura; mas é muito mais surpreendente que tudo isso seja apenas aquilo que nós nos sentimos obrigados a desejar que exista." — Sigmund Freud

A história do Diabo, coincide com a história do medo e angustias próprias dos psiquismos pessoais. A crença no Diabo representa em grande parte a exteriorização de uma série de desejos insatisfeitos derivados do complexo infantil de Édipo, do desejo de imitar alguns aspectos paternos e da pulsão de desafiar o pai.  Em tal crença  se implica por conseqüência  a emulação e a hostilidade como componentes ambíguos na relação com a figura paterna. É a partir desta identidade que surgem o aspecto mítico opositor de Deus e do Diabo e que se pode estudar seus diversos contextos etno-histórico-religiosos...
Em uma análise psicanalítica o diabo reflete potencialmente quatro experiências psíquicas diversas:

O Diabo Libertino: O pai por quem sentimos admiração e cuja a potência sexual o filho sente inveja. Este aspecto se refere a força fálica da libido do demônio. Para o diabo não há restrições de qualquer tipo nem barreiras sexuais. Os aspectos animalescos das representações do Diabo (chifres, rabo, cascos) são um simbolismos para a completa liberdade sexual que ele, assim como os animais possui. Esta é usualmente a imagem do diabo usada pelos satanistas tradicionais e demonolatras em geral.

O Diabo Adversário: O pai contra o qual se sente uma decidida hostilidade e que é o mesmo hostil ao filho. Este aspecto se refere a figura diabólica punida e portadora de destruições. Embora tecnicamente seja Deus quem pune, o Diabo é freqüentemente retratado como o grande senhor do Inferno que pune e castiga o ser humano. Por estes ele sentiria um completo ódio a todo o instante tentando levar os humanos para o seu local de castigo, ou segundo algumas tradições tratando de punir as pessoas aqui mesmo por meio de doenças, pobreza, solidão e demais provações. Esta é usualmente a imagem do diabo usada por devotos das religiões de massa como o cristianismo, judaísmo e islamismo.

O Diabo Impostor: O filho que emula o pai, que copia deliberadamente Deus.  O pai da mentira. É o diabo que se confunde com o próprio Demiurgo.  O diabo aqui é o chamado “Símia Dei”; o macaco de Deus. O deus cego (Samael). Um adulto imperfeito, muitas vezes arrogante e orgulhoso do pouco poder que possui em relação ao seu distante e indiferente pai. Esta é usualmente a imagem do diabo usada pelos gnósticos (a aberração gerada por eon Sophia após sua queda) e pelos místicos cristãos em geral.

O Diabo Rebelde: O filho que desafia o pai, o grande rebelde que se volta contra Deus e que é expulso do céu. Trata-se da figura do Diabo romântico, a figura miltoniana que faz o impossível e desafia Deus. O rebelde supremo, que leva consigo 1/3 dos anjos do céu assim como o filho representa 1/3 da família. Ele deixa mãe e pai, sai de casa e se ergue sozinho para constrói segundo seus próprios padrões. Esta é usualmente a imagem do diabo usada por satanistas modernos e luciferianistas.

A imagem adotada por cada pessoa diz muito sobre o relacionamento que ela mesmo teve com sua figura paterna. Sabemos antes de tudo que Deus é o substituto do pai, ou mais precisamente um pai que foi exaltado. Enquanto que o Demônio malvado é a antítese de Deus. Não é necessária grande perspicácia analítica  para chegar a conclusão que Deus e o Diabo foram originalmente idênticos. Uma única figura que com o tempo foi dividida em duas figuras dotadas de atributos apostos. O pai idealizado, protetor, provedor e amoroso é alocado para a figura divina. Mas sendo humano, o pai possui características conflituosas, e tudo aquilo que não consegue ser facilmente assimilado é alocado para a figura do diabo. O pai irado, ditador, arrogante e obsceno transforma-se no Diabo.

Este é um exemplo bem conhecido do processo  pelo qual uma representação contendo atributos contraditórios ( ambivalentes) se descompõe em dois opostos separados de claro contraste. O Pai bom e o Pai Mal não são portanto uma invenção da igreja cristã, mas um constructo psicológico muito comum e confortável a psiquê humana, haja visto sua ancestralidade em mitos muitíssimos mais antigos como os persas Spenta Mainya e Ahriman e os egípcios Osiris e Seth .

De qualquer modo, as contradições específicas concernentes a natureza original de Deus refletem a ambivalência que caracteriza a relação de cada um com sua própria figura paterna. Assim, se um Deus justo e misericordioso é um substituto do pai, nada mais natural do que a atitude hostil ante o pai, que o filho odeia, e teme e queria ser ele tenha encontrado tão perfeita expressão nas diversas manifestações históricas do mito de Satanás.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Perseu, Medusa e a Literatura como caminho de realidade.

Para quem não conhece o Mito segue abaixo uma versão dele que eu traduzi de um site italiano


Mítico herói grego, já conhecido em Homero e Esíodo, filho de Zeus e de Dânae, assim que nasceu, segundo a lenda, Perseu foi jogado ao mar dentro de uma caixa, junto com a mãe, pelo avô Acrísio, rei de Argo, a quem um oráculo havia previsto que seria morto pelas mãos do próprio neto. A caixa, levada pelos ventos, aportou na ilha de Sérifo, onde Dânae foi feita escrava e Perseu foi levado pelo tirano Polidette. Quando adulto Perseu, Polidette, para oferecer um digno presente nupcial a Ippodamia, com que desejava casar-se , organizou um banquete ritualístico no qual só se podia participar montado em um cavalo. Perseu, que não possuía um cavalo, prometeu a Polidette que teria em mãos a cabeça decepada da Medusa, uma das três Górgonas, cujo corpo era comumente representado como um corpo de cavalo. A contenda era dificil, mas em auxílio de Perseu vieram Hermes e Atenas que convenceram as Náiades a doar ao herói um par de sandálias aladas, um elmo que lhe deixava invisível e uma bolsa de pele mágica(kibisis) para colocar a testa da Górgona. Assim equipado, Perseu alçou vôo e chegou ao jardim das Hespérides e auxiliado pela deusa Gaia penetrou na gruta onde as Górgonas dormiam. Para matar a Medusa, única das três Górgonas que era mortal, era preciso evitar olhar para o seu rosto, que tinha o poder de petrificar quem o olhava. Perseu então, segundo uma versão do Mito, decapitou a Medusa olhando atrás do seu rosto; segundo outra versão, desferiu o golpe olhando a Górgona refletida em um escudo reluzente que Atenas havia lhe dado. Do pescoço cortado da Górgona saíram então o Herói Crisaor e o cavalo alado Pégaso, que se encontravam no seu colo. Perseu depôs na bolsa mágica a cabeça da Górgona, montou seu cavalo Pégaso e voando com ele conseguiu evitar que as outras duas Górgonas, neste meio tempo já acordadas, lhe seguissem. Na sua fuga aérea Perseu atingiu o país dos Etíopes onde encontrou Andrômeda, amarrada a uma rocha e exposta a um monstro marinho para aplacar a cólera de Posêidon. Perseu então se aproximou do monstro e o matou petrificando-o com a cabeça da Górgona e assim libertou Andrômeda, levando-a consigo a Sérifo, onde ainda acontecia o banquete organizado por Polidette. Mostrando a cabeça da Medusa, Perseu petrificou também Polidette, liberou a mãe da escravidão e com Dânae e Andrômeda tornou a Argo. A lenda ainda conta que depois Perseu, ainda na tentativa de reconciliar-se com o avô, o mata involuntariamente, golpeando-o com um disco lançado no curso de uma competição e assim se cumpriu a profecia do Oráculo.

Esse mito sempre me mobilizou muito. Existem muitas interpretações para ele. A que eu mais gosto é aquela feita pelo Ítalo Calvino nas suas Seis Lições americanas para o próximo Milênio. Na primeira das suas seis lições, a leveza, Calvino nos diz que a literatura é uma arte de representação das realidades humanas. Diz que essa representação se daria através de uma luz indireta, assim como a luz de um espelho, e que através dessa luz poderíamos entrar em contato com a dureza da realidade, sem, contudo, sermos petrificados por ela e sem, ao mesmo tempo, deixar de lidar com essa mesma realidade. Usando o mito de Perseu, que consegue matar a Medusa ao ver a imagem do monstro refletida no seu escudo reluzente, ele nos mostra, através da narrativa mítica, que o herói não se recusa a lidar com a realidade que o espera, mas o faz recusando olhar diretamente a Medusa. Aquele que olhar diretamente o rosto da medusa terá sua linguagem e imagem petrificadas pela dureza da realidade.

Ao invés disso, é na recusa da visão direta como o faz Perseu, que reside a força do escritor e a força do herói. O escritor representa a realidade com um discurso de leveza sem deixar de conter aí toda dureza e todo o peso das realidades humanas. E o herói guiado pelos seu deuses internos supera a realidade que o oprime recusando a paralisia. O cavalo Pégaso na história também nos remete ao movimento, que é o contrário de estar parado, petrificado. A narrativa é uma jornada heróica de superação, pois Perseu usa dessa mesma realidade que petrifica, ou seja a cabeça da Medusa, para libertar a si mesmo, Andrômeda e também sua mãe.

 

sábado, 12 de novembro de 2011

Encontros e Despedidas




Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida... É a vida... É a vida...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

9 coisas que você deve saber sobre seu cérebro

 

O cérebro é uma das partes mais incríveis do corpo humano. Ele se torna ainda mais impressionante quando funciona de uma maneira diferente da que esperamos. A ciência da psicologia frequentemente acerta sobre o funcionamento da mente humana, mas a Neurologia apresentou algumas surpresas interessantes nas últimas décadas:

 

1) 7 é o máximo de ítens para a memória de curta duração.

O cérebro possui três mecanismos de memória: Sensório, Longa Duração e Curta Duração. a memória de Longa Duração, funciona como um disco rígido de um computador. Da mesma forma, poderíamos dizer que a memória de Curta Duração se aproxima da memória RAM. Esta memória de curta duração é capaz de armazenar de cinco a nove itens, sendo sete a média humana.

Aplicabilidade: Não perca tempo memorizando grandes listas Armazenar informação exige portanto o compactamento em aproximadamente sete unidades ou guardá-lo
na memória de Longa Duração.

 

2) Verde Lima é a cor mais visível.

O Verde Lima esta localizado exatamente no meio do espectro solar visível pelos olhos humanos, mais precisamente entre o verde e o amarelo. Nosso sistema nervoso possui receptores independentes para o verde, o vermelho e o azul e o Verde Lima aciona os três receptores ao mesmo tempo tornando-se a cor mais perceptível de todas.

Aplicabilidade: Use Verde Lima quando quiser destacar algo. Por esta razão esta é a cor ideal para veículos e profissionais do transito das grandes metrópoles.

 

3) Seu Subconsciente é mais esperto do que você

Seu Subconsciente é mais esperto do que você. Em outras palavras, ele é mais poderoso do que os processos conscientes. Em um estudo recente, um quadrado era colocado em uma tela seguindo um complexo padrão. Depois de um tempo logo as pessoas começaram a melhorar o resultado ao tentar descobrir onde o quadrado iria aparecer em seguida. Quando indagados para conscientemente explicar o padrão, mesmo de pois de horas, ninguém conseguiu.

Aplicabilidade: Confie mais nos seus "instintos"

 

4) Sinestesia é para todos

A mistura de sentidos não é exclusividade de pessoas que usam LSD, todo ser humano possui algum grau de sinestesia. Em um experimento psicológico Wolfgang Köhler pediu que entrevistados descobrissem o nome de duas figuras, uma chamada Buba, e outra Kiki. O interessante é que o experimento resultou em 98% de acertos. A sensação é tão imediata que não vamos nem colocar os nomes na ilustração abaixo:

bubaykiki.gif


Aplicabilidade: Use o fator sinestésico para aprimorar a memória e o aprendizado.

 

5) O cérebro humano não é bom com probabilidades

Sua professora do colégio já deve ter lhe provado isso. Mas recentemente foi descoberto que o cérebro humano é naturalmente propenso a cometer alguns erros básicos de probabilidade. Em um estudo foi proposto o seguinte problema:

Jessica é uma mulher solteira de 31 anos, cândida e promissora profissionalmente. Graduada em filosofia. Enquanto estudante engajou-se em militância social e participou de passeatas contra o descontrole da energia nuclear.

Ranqueie as seguintes da mais para a menos provável:

       1. Jessica é hoje uma professora do ensino fundamental.
       2. Jessica trabalha em uma livraria e faz aulas de yoga.
       3. Jessica é uma ativista do movimento feminista.
       4. Jessica é assistente social.
       5. Jessica é membra ativa de um partido político.
       6. Jessica trabalha num banco.
       7. Jessica é vendedora de uma agência de seguros.
       8. Jessica trabalha no banco e é uma ativista do movimento feminista.

Aproximadamente 90% das pessoas afirmaram que 8 é mais provável que 6. Muito embora 8 (trabalhar no banco e ser uma ativista do movimento feminista) inclua inteiramente a possibilidade de 6 (trabalhar num banco). O cérebro humano acredita que mais detalhes fazem um evento tornar-se mais provável, e não menos.

Aplicabilidade: Lembre-se sempre que quanto mais detalhes menos provável é um evento.

 

6) Memórias são manipuláveis.

Pesquisas revelaram que as pessoas muito facilmente falham ao lembrar do passado. Não se trata apenas de esquecer do passado, mas de lembrar de coisas que nunca aconteceram. Por este motivo, terapias de "memórias reprimidas" entraram em desuso entre profissionais sérios, caindo na mesma leva das "memórias das vidas passadas". Em um ambiente controlado como o de um consultório psiquiátrico é extremamente fácil sugerir coisas que nunca de fato existiram.

Aplicabilidade: Não teime com algo só porque você lembra bem do que aconteceu.

 

7) Rcnecciemhento de plaarvas plea fomra


Vcoê csnoseuge ler etse txteo com um pcoua dcifuaidlde. As lertas etsão emlbaarhaads e anepas são madnitas a pimerira e a utlmia ltrea de cdaa plaarva. Isso actocnee pouqrue qnaudo se etsá aoscumtado com a lngíua naivta, o crbeero não lê ltrea a lrtea, mas a plaarva cmoo um tdoo.

Apicliilbaadde: É dietrvido, prcseia mais?

 

8 ) A Memória de longa Duração é desligada durante o sono

Os componentes cerebrais responsáveis pela memória de longa duração são desligados durante as horas de sono. Por esta razão os sonhos são rapidamente esquecidos se não relembrados nos primeiros momentos do despertar. Apesar do ser humano ter vários sonhos durante o repouso eles dificilmente são lembrados. Normalmente apenas fragmentos ainda na memória de curta duração sobrevivem.

Aplicabilidade: Se quiser lembrar de seus sonhos, anote-os ao acordar.

 

9) O cérebro possui um excelente mecanismo de playback

A chamada memória sensória é o equivalente neural dos mecanismos de playback. Funciona tanto para a visão como para a audição. Seu tálamo re-envia os últimos segundos de tudo o que é originalmente captado pelos sentidos e processado pelo cérebro. Suponha que esteja acontecendo uma festa e alguém diz algo chamando o seu nome. Geralmente você pode recuperar o que foi dito mesmo se estivesse no momento se concentrando em outra conversa. Se perdêssemos este recurso neural atividades multitarefas seriam impraticáveis.

Aplicabilidade: Você não precisa repetir algo porque acha que a pessoa não ouviu. Basta aguardar alguns segundos que o cérebro dela faz isso sozinho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Magia do Caos e responsabilidade.

O lema mais conhecido da Magia do Caos é 'nada é verdadeiro, tudo é permitido'. A má interpretação desta frase levou muitas pessoas que realizam atos inconsequentes a se auto-entitularem 'magistas do caos' ou 'caoístas'. A própria palavra 'caos' sub-entende as idéias de 'desordem', 'anarquia' e para muitos o indesejável. É tempo de lançar uma luz sobre o assunto e separar o joio do trigo.


Seria impossível definir o Caos em conceitos, mas por uma aproximação de idéias poderíamos dizer sobre o Caos: 'imóvel movedor por tras de todas as coisas'; 'o imanifesto na eterna transformação do universo'; 'o manifestador das sincronicidades não-lineares'. Por entender que nada no universo das coisas manifestas é imutável, os caoístas dizem que 'nada é verdadeiro', nada é derradeiro, ou seja, não existem verdades absolutas. Não existem barreiras que sejam sempre intransponíveis.
Isto nos leva a segunda parte do lema : "tudo é permitido". A frase é assim dita para desprogramar as mentes sobre seus limites. Para construir uma sociedade controlável, o poder estabelecido pelo estado e pelas religiões utilizou sempre da programação restritiva: 'Isso não pode', 'você não vai conseguir', 'é difícil demais', 'é impossível', 'é proibido', etc. Esta é a forma     mais eficaz de não alcançar um objetivo: não acreditando que seja possível fazê-lo. 
  
"A Magia do Caos usa a crença e o desejo do sub-consciente como agentes da sincronicidade. O primeiro passo é acreditar que tudo é possível, que tudo é permitido, pois 'os raios do Caos movem todas as coisas" - Kaos Keraunos Kybernetos. 

Então para o caoísta, não existem verdades absolutas e tudo é possível. É possível agir na transformação do universo, preparando a chegada de uma nova era, onde as verdades impostas hoje como valores de conduta moral e organização social sejam revistas, por não serem absolutas. É possível fazer a revolução da crença para a consciência, iniciando por si próprio, ao admitir a mudança de seus próprios valores e convicções. Sobretudo, é possível transformar magicamente a realidade usando a mente em sintonia com a eterna mutação do universo.

Ao ser o agente da transformação desejada, o caoísta em um ato pessoal e intransferível usa de seu treinamento mental, de sua força de vontade e das técnicas mágicas que conhece para carregar o seu sub-consciente com a magia. Mesmo após fazê-lo, ao deixar o ato mágico fora de seu fluxo de idéias, evitando que a razão contamine a magia realizada, o caoísta está agindo no 'não-fazer'. Até no não pensar existe uma responsabilidade para que o desejo vire realidade. Magia do Caos é controle de seus atos e responsabilidade.


Pássaro da noite.