terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Prometeu e os Direitos do Homem

"a dialética é a suprema dádiva dos deuses, o verdadeiro fogo de Prometeu."
Platão



Arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) são atemporais e universais. Na politeísta cultura grega, deuses e homens, imortais e mortais, interligados, são interdependentes.

Encabeçando o arquétipo de defensor dos direitos da raça humana temos o Titã Prometeu (pro = antes e metheus = vidência, aquele que sabe antes), que criou os homens do barro, feito de terra e de suas próprias lágrimas.

A analogia entre as palavras terra (do latim, humus) e homem é recorrente. Os helenos acreditavam que uma centelha divina, pois imortal, percorria e se aprofundava por toda terra geratriz. E, se simbolizando a história evolutiva do gênero humano, no mito judaico-cristão, Deus é único e supremo criador dos homens, no paganismo grego, é Prometeu o criador e benfeitor da humanidade.

Tanto para as criaturas do Deus de Abraão, quanto para as de Prometeu há um interdito: conhecimento. Que abismo espreita àquele que anseia pura e simplesmente... conhecer? O poder de um intelecto cego e desmedido, falível, é condenável. Ambos referem-se à discórdia inicial entre espírito e matéria, relatam a hýbris (desmedida, a insolente falta de limites), o castigo da queda, arrependimento e reconciliação final.

Quanto à experiência de se estar cônscio do mal e mesmo assim praticá-lo, diz Jung: “Talvez ele [o ser humano] deva experimentar o poder do mal e sofrer-lhe as conseqüências, porque só por este processo pode abandonar a sua atitude farisaica em relação às outras pessoas. Talvez o destino, ou o inconsciente, ou Deus – chamem-lhe o que quiserem – tenha que lhe dar uma boa pancada e fazê-lo rebolar no chão, porque só uma experiência drástica pode surtir efeito, tirá-lo do seu infantilismo, amadurecê-lo. Como pode alguém descobrir de quanto precisa para ser salvo se está absolutamente certo de que não há nada de que deva ser salvo?”.

Filantropo, venerado como sendo uma das divindades civilizatórias (como a deusa da Sabedoria e guardiã da Justiça, Palas Athena e o mestre da techné Hefestos), pioneiro ao atentar para nossas necessidades, Prometeu agiu, desde os primórdios, com irredutível firmeza em defesa da fragilidade da pessoa humana.

Sobre Prometeu, discorreram os apoteóticos poetas Hesíodo, Píndaro, o tragediógrafo Ésquilo (525 ou 524 a 456 a.C.) e seu contemporâneo, o Filósofo Platão. Na maioria das versões, diz-se ser filho de Jápeto com a deusa Thêmis, Justiça divina. Tem como irmãos Atlas, Menoécio e Epimeteu (epí = depois e metheus = ver, saber), seu gêmeo, que pensa somente depois de fazer.

Já sabendo de antemão quem venceria uma grandiosa e inevitável guerra porvir (o próprio nome já denuncia seu caráter oracular), Prometeu se aliou a Zeus contra as divindades mais antigas. Mas, rebelde, o defensor da humanidade nunca escondeu certo ressentimento por esse novo e (em seu entendimento) orgulhoso deus, pois fora também graças a seu empenho que o soberano do Olimpo conquistou seu posto. Aqui, entrevemos ser antiga a relutância do homem em se submeter. Há essa negação ao “superior”. O deus não é visto como representante da justiça inerente, mas como temível inimigo.

Em Píndaro, Zeus encarrega Prometeu de distribuir os dons e mecanismos de defesa entre todos os animais, inclusive aos homens. Atarefado, Prometeu atende ao apelo de seu irmão Epimeteu, que insiste em se incumbir da missão. Eis que Epimeteu se empolga: garras, presas pontiagudas, força, velocidade, acuidade visual, auditiva, faro excepcional, aptidão para se metamorfosear, de adentrar subitamente ao solo, de elevar-se aos ares, pelagem espessa, carapaças, condições para respirar dentro d’água e tantas outras qualidades foram dispersadas a torto e a direito.

Banalizando preciosas aptidões, Epimeteu, como o próprio nome diz, não se detém a pensar, não reflete antes de agir e, esquecido dos homens, exagera na dádiva a alguns animais (que além de força, ganharam também velocidade e presas dilacerantes, como os leões e os guepardos). Consumidos todos os recursos, quando chega nossa vez, bípedes implumes, somos deixados nus, frágeis e indefesos.

Quando Prometeu foi conferir a tarefa, constatando o estrago, lamentou profundamente a insensatez do irmão: e agora? O que seria dos homens, tão limitados em suas capacidades físicas? Desprotegidos, tornar-se-iam presas fáceis para inúmeros predadores tão bem guarnecidos. Prevendo o aniquilamento de sua criação, contrariando os ditames de Zeus, que já havia lhe negado um apelo seu dessa natureza, Prometeu rouba o fogo divino (conhecimento) e dá-lhes às suas criaturas, assegurando assim a superioridade dos homens sobre os demais animais. Zeus não tarda a enviar Pandora como castigo.

O progresso da humanidade se deve à capacidade dos homens de, aconchegados em torno do calor do fogo, tornarem-se sociáveis. Desse modo, descobrimos e compartilhamos a linguagem, os números, o movimento dos astros, a memória, pudemos enfim, “pensar antes” de agir: preparamos alimentos, tecemos vestimentas, confeccionamos tigelas e tijolos, construímos casas, fundimos ouro, prata e ferro, aramos a terra, cultivando o sustento. Mas, infelizmente, mesmo providos de inteligência, vontade, astúcia, avidez, coragem e de tantas outras qualidades, os homens eram miseráveis, pois lhes faltava a política, qualidade necessária para que se relacionassem harmoniosamente entre si.

Sem união na pólis não se consegue vencer as adversidades, promover o Bem comum: “E, ao tentar se reunirem em grupo, a anarquia reinante fazia de todos inimigos e vítimas de querelas militares”. Acumulando cada vez mais informações, detendo inúmeros conhecimentos, mas ainda sem sabedoria, os homens passaram a se autodestruir, tornando todo ambiente insustentável.

A arte de viver em conjunto, ser “zoopolitikon” para Platão, é indispensável para o progresso das cidades e para a instituição de um governo virtuoso e justo, enfim, para o bem da própria humanidade.

Cada vez mais confiantes num intelecto puramente “científico” como sendo “a Verdade”, incendiados por vanglórias (hýbris), os homens afrontavam os deuses, já não os invocavam nem rogavam por sua proteção. Orgulhavam-se de haver cada vez menos diferença entre eles e os imortais. A felicidade humana já não dependia do acaso, do destino, de caprichos divinos. Prometeu finalmente criara oponentes ingenuamente crentes de estarem à altura (ou acima?) de Zeus. Como lhe disse Oceano, o parentesco influi e muito: os Titãs estavam vingados!

Em Ésquilo, mesmo sofrendo severa punição, o benfazejo não se dobra. Por ter desrespeitado a advertência de Zeus, Prometeu é condenado a 30 mil anos de prisão. Acorrentado a uma rocha (simbolizando a matéria) no Cáucaso, todos os dias uma águia vem bicar-lhe o fígado, regenerado durante as noites.

Paira, até hoje, o suspense insinuado por Prometeu: de que Zeus ainda será ser destronado por um dos seus filhos. Ameaçado, é coagido a falar sobre o que viu, mas se recusa terminantemente a dizer: “Nada, força nenhuma pode constranger-me a revelar-lhe o nome de quem deverá destituí-lo de seus poderes tirânicos!”. 

Esquecido, sua grande dor é constatar que, vaidosos, bélicos e também como ele, extremamente presos à matéria, os seres humanos, mesmo animados pelo fogo/conhecimento divino, possuem um espírito ressentido, guiado por um intelecto revoltado. Com a imaginação assim exaltada, não mais os surpreende sucumbir à perversão. Seja como opressores ou como oprimidos, se degradam em sua própria efemeridade.

Com consentimento de Zeus, Hércules mata a águia e graças à intervenção do centauro Quíron, Prometeu finalmente se reconcilia com o ordenador do Cosmos, encontrando paz.

Preocupado com a insolência (hýbris) humana que poderia antecipar-lhes o aniquilamento ou algo pior (a profecia de Prometeu se cumprirá?), Zeus delegou a seu mensageiro Hermes a tarefa de distribuir igualmente entre todos os homens pudor e justiça. Disse ainda que aqueles que não os tivessem, por estarem contra o princípio unificador da sociedade, deveriam morrer. O que o arauto dos Direitos do Homem queria era assegurar-nos a dignidade da liberdade. Somos livres. Mas sem pudor (aidós = vergonha, respeito) e justiça não se ascende ao Olimpo.

Luciene Félix

Professora de Filosofia e Mitologia Greco-Romana da ESDC

domingo, 18 de dezembro de 2011

Tome DECISÕES em sua vida Agora e Já!

Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez! 


1. Lembre o verdadeiro poder de tomar decisões
. É um instrumento que você pode usar a qualquer momento. No instante em que é tomada uma nova decisão, entra em movimento uma nova causa, efeito, direção e destinação para a sua vida. Literalmente, você começa a mudar sua existência no momento em que toma uma nova decisão.
Lembre-se disso quando começar a se sentir sufocado ou a achar sue não tem opções, ou quando as coisas estiverem acontecendo com você é capaz de mudar tudo, se parar e decidir fazê-lo. Lembre-se de que uma verdadeira decisão é medida pelo fato de você ter agido. Se não há ação, você não decidiu realmente.

2. Compreenda que o passo mais difícil para conseguir alguma coisa é empenhar-se de fato — uma decisão verdadeira. Realizar aquilo a que você se comprometeu, muitas vezes, é mais fácil que a decisão em si, e assim tome suas decisões com inteligência, mas depressa. Não se demore a vida toda a debater como fazer ou se fazer. Estudos têm demonstrado que as pessoas mais bem-sucedidas tomam decisões depressa porque não têm dúvidas a respeito dos seus valores e do que realmente desejam para suas vidas. Os mesmos estudos mostram que são lentas para mudar suas decisões, se é que as mudam.
Por outro lado, as pessoas que fracassam usualmente tomam suas decisões devagar, e mudam de idéia depressa, sempre pulando para a frente e para trás. Decida-se! Compreenda que a tomada de decisão é um tipo de ação por si só, de modo que uma boa definirão para decisão seria “agirem cima da informação”. Você sabe quando tomou verdadeiramente uma decisão quando uma ação decorre dela. Torna-se uma causa posta em movimento. Com freqüência, como resultado de uma decisão, consegue-se atingir objetivos maiores. Uma regra importante que estabeleci para mim mesmo é nunca deixar a cena de uma decisão sem primeiro realizar uma ação específica para sua realização.

3. Tome decisões com freqüência. Quanto mais decisões você toma, melhores elas são. Os músculos se fortalecem com o uso, e o mesmo acontece com os seus músculos de tomar decisões. Libere seu poder agora mesmo, tomando alguma decisão que venha adiando. Não vai acreditar na energia e na animação que isso criará em sua vida!

4. Aprenda com suas decisões. Não há como negar. Às vezes você vai estragar tudo, independente do que faça. E quando acontecer o inevitável, em vez de punir-se, aprenda algo. Pergunte a si próprio: “O

que há de bom nisso tudo? O que posso aprender com o que aconteceu?” Esse “fracasso” poderá ser uma dádiva maravilhosa disfarçada, se você usá-lo para tomar decisões melhores no futuro. Em vez do foco no revés de curto prazo, focalize em aprender lições que possam poupar-lhe tempo, dinheiro ou dor, e que lhe dêem a capacidade de vencer no futuro.

5. Comprometa-se com suas decisões, mas seja flexível na execução. Uma vez que decidiu o que quer ser como pessoa, por exemplo, não fique imobilizado pensando em como chegar lá. É o fim que interessa. Com freqüência, ao decidir o que querem para si, as pessoas escolhem a melhor rota que conhecem na época elas fazem um mapa mas não permanecem abertas para rotas alternativas. Não seja rígido. Cultive a arte de flexibilidade.

6. Desfrute tomar decisões. Você deve saber que a qualquer momento uma decisão pode mudar o curso de sua vida para sempre: a pessoa que está atrás de você na fila, ou sentada ao seu lado no avião, o próximo telefonema que você dá ou recebe, o próximo filme, livro ou página que virar, qualquer uma dessas coisas poderá fazer com que as comportas se abram, e todas as coisas pela quais você esperava se encaixem nos respectivos lugares.
Se você realmente quer que sua vida seja passional, precisa viver com essa atitude de expectativa. [...]

Qual é então a distinção mais importante a tirar deste capítulo? Saiba que são suas decisões, e não suas condições, que determinam seu destino. Antes que aprendamos a tecnologia para mudar como se pensa e como se sente cada dia de sua vida, quero que você se lembre que, em última análise, tudo o que leu neste livro é inútil... todo outro livro que você já leu, ou gravação que ouviu, ou seminário a que compareceu, tudo é inútil... a menos que você decida usar o que aprendeu. Lembre-se de que uma decisão verdadeiramente comprometida é a força que muda a sua vida. É um poder que estará disponível para você a qualquer momento em que resolver usá-lo.
Prove a si próprio que você decidiu agora. Tome uma ou duas decisões, dessas que vinha protelando há muito tempo. Escolha uma fácil e outra um pouco mais difícil. Mostre a si próprio aquilo que é capaz de fazer. Agora, neste exato momento. Pare. Tome pelo menos uma decisão bem definida, aquela que vem protelando há muito tempo tome a primeira medida no sentido de realizá-la e não a abandone!
Ao fazer isto estará exercitando o músculo que lhe dará a vontade para mudar toda a sua vida. [...]
O espírito humano é verdadeiramente inconquistável. Mas a vontade de vencer, a vontade de obter sucesso, de moldar a própria vida, de assumir o controle, só pode ser aproveitada quando você decide o que quer, e crê que nenhum desafio, nenhum problema, nenhum obstáculo poderá detê-lo. Quando você decidir isso, sua vida passará a ser formulada não pelas condições, mas por suas decisões e, neste instante, ela mudará para sempre, e você poderá assumir o controle!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Viva! Na Sociedade Alternativa




Num planeta cada vez mais globalizado como estruturam os seres humanos a sociedade em macros e micros organizações, a diversidade de culturas, ideologias, religiosidades e comportamentos quase que infinitos é possível que classificássemos como um caos instalado na Terra.
Ainda bem que assim como na química as moléculas se ajustam por afinidade e atração, o mesmo acontece na sociedade humana, onde nos vemos reunidos em clubes, garagens de rock, rodas de samba, igrejas, cafés literários, mesas de poker's...
A questão que quero chegar é, nesse mundo onde tudo é diverso e as alternativas são muitas, como é que fica a principal pergunta que tem de ser respondida cedo ou tarde por cada individuo membros dessa sociedade; Qual o sentido da vida?

Segundo Jean-Paul Sartre, a vida não é nada até que o homem comece a vivê-la, construindo-a. Além de viver e construir a própria vida, o homem ainda tem de lhe dar algum sentido, pois ela não tem um sentido a priori. Por tais razões, conclui o existencialismo humanista de Sartre, o homem é mesmo o legislador de si próprio.

A letra da música de Raul Seixas, "Sociedade Alternativa", pode até parecer alarmar anarquismo, mas compreendo que o sentindo funcional que ela propõe é essa do homem ser senhor de si mesmo em suas ações, re-ações e responsabilidades.
Podemos ficar inertes a esperar Papai-noel ou movimentar o fluxo da vida com estudos, debates, projetos e principalmente execuções.
Acima de tudo é preciso enxergar, ler, compreender sentidos em toda alternatividade que as sociedades nos oferecem, mesmo que essas alternativas não tenha aplicação para a nossa vida, ela têm e é importante para o próximo que está ao nosso redor, ela é importante porque contribui para o equilíbrio social; se esse fosse um pensamento difundido e apreciado pela grande maioria das pessoas, não haveriam guerras, ataques ideológicos, psíquicos. A inflexibilidade que muitas das pessoas tem em enxergar a beleza da diversidade e a capacidade de ativar em seu psiquismo algo como verdade absoluta é o grande mal do homem e por tabela da sociedade.
Gosto muito de usar a visualização da árvore indo facilmente em todas as direções que os movimentos acionam em sua biodiversidade estrutural de folhas, flores, frutos, raízes; (flexibilidade e Força em conjunto, essa é a lei do Forte!) e a da árvore morta, rígida que num vento mais forte onde galhos e tronco lutam em resistência para não tombar e quebrarem, são fracas, opacas,  não proporcionam alegria ao mundo, nela não existe beleza, ser incinerada no fogo é o seu destino final.




Faça o que tu queres pois é tudo da lei!
Amor é a lei. Amor sob Vontade!!


Viva a Sociedade Alternativa!!!

Trigo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Velhos hábitos

“... O corpo não dá cólera àquele que não a tem, como não dá os outros vícios; todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito; sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?...”
(Capítulo 9, item 10.)

Em primeiro lugar, é necessário conceituar que vícios são dependências vigorosas e profundas de uma pessoa que se encontra sob o controle de outras ou de determinadas coisas.
Portanto, deve ser considerado como vício não apenas o consumo de tóxicos e de outros produtos de origem natural ou sintética. O conceito é mais amplo. Analisando-o em profundidade, podemos interpretá-lo como atitude mental que nos leva compulsoriamente à subjugação a pessoas e situações.
Muitos de nós aprendemos a ser dependentes desde cedo, dirigidos por adultos superprotetores que nos imprimiram clichês psíquicos de repressão, que se refletem até hoje como mensagens bloqueadoras dentro de nós e que não nos deixam desenvolver o senso de autonomia e de independência. Outros trazem enraizadas experiências em que lhes foi negada a possibilidade de exercer a capacidade de seleção de amigos e parceiros afetivos, em virtude da intervenção de adultos prepotentes. Essa nociva interferência torna-os mais tarde indivíduos de caráter oscilante, indecisos, assustados e inseguros. Outros ainda, por terem sofrido experiências conflitantes em outras encarnações, em contato com criaturas de-sequilibradas e em clima de inconstância e desarmonia, são predispostos a renascer hoje com maior identificação com a instabilidade emocional.
Dessa forma, entendemos que os fatores que propiciam os vícios e as compulsões ocorrem em ambientes familiares-sociais desarmônicos, desta ou de outras encarnações, onde deixamos as pressões, traumas, coações, desajustes e conflitos se enraizarem em nossa zona mental ou perispiritual, porquanto os vícios não passam de efeitos externos de nossos conflitos internos.
Vale ressaltar que nossa sociedade, a rigor, é extremamente machista, razão pela qual muitas mulheres foram educadas para aceitar comportamentos dependentes como sendo virtudes femininas, o que as leva a viver dentro de demarcações estreitas do que elas devem ou podem fazer.
O vício do álcool, sexo, nicotina, jogos diversos ou drogas farmacológicas são formas amenizadoras que compensam, momentaneamente, áreas frágeis de nossa alma desestruturada.
Aliviam as carências, as ansiedades, os desajustes, as tensões psicológicas e reduzem os impulsos energéticos que produzem as insatisfações e o chamado mal-estar interior.
Pode parecer que as opções vício-dependência disfarcem ou abrandem a pressão torturante, porém o desconforto permanece imutável.
O álcool e a droga são sedativos ou analgésicos, mas por acarretar gravíssimas conseqüências, são denominados vícios autodestrutivos. A comida é uma dependência considerada, de início, vicio neutro, para, depois, transformar-se numa opção de fuga negativa e profundamente desorganizadora do nosso corpo físico-psíquico.
Há manias ou vícios comportamentais tão graves e sérios que nos levam a ser tratados e considerados como pessoas de difícil convivência, isto é, inconvenientes:

— Vício de falar descontroladamente, sem raciocinar, desconectando-nos do equilíbrio e do bom senso.
— Vício de mentir constantemente para nós mesmos e para os outros, por não querermos tomar contato com a realidade.
— Vício de nos lamentarmos sistematicamente, colocando-nos como vítima em face da vida, para continuarmos recebendo a atenção dos outros.
— Vício de nos acharmos sempre certos, para podermos suprir a enorme insegurança que existe em nós.
— Vício incontido de gastar desnecessariamente, sem utilidade, a fim de adiarmos decisões importantes em nossa vida.
— Vício de criticar e mal julgar as pessoas, para nos sentirmos maiores e melhores que elas.
— Vício de trabalhar descontroladamente, sem interrupção, para nos distrairmos interiormente, evitando desse modo os conflitos que não temos coragem de enfrentar.

Inquestionavelmente, as chamadas viciações resultam do medo de assumir o controle de nossa vida e, ao mesmo tempo, do medo de nos responsabilizarmos por nossos atos e atitudes, permitindo que eles fiquem fora de nosso controle e de nossas escolhas.
Quaisquer que sejam, contudo, os motivos e a origem de nossos velhos hábitos, urge estabelecermos pontos fundamentais, a fim de que comecemos indagando por que somos dependentes emocionalmente e ―qual é a forma de nos relacionarmos com essa dependência.
Aqui estão alguns itens a ser também observados e que provavelmente nos ajudarão a ser mais independentes, além de capazes de satisfazer nossos desejos e vocações naturais. Ao mesmo tempo, nos permitirão estar junto a pessoas e situações sem tomar-nos parcial ou totalmente dependentes delas:

— Aguçar nossa capacidade de decidir, de optar e de escolher cada vez mais livre das opiniões alheias.
— Combater nossa tendência de ser bonzinhos, ou melhor, de desejar ser sempre agradáveis aos outros, mesmo pagando o preço de nos desagradar.
— Estimular nossa habilidade de dizer não, quantas vezes forem necessárias, desenvolvendo assim nosso ―senso de autonomia, a fim de não cair nos modismos ou pressões grupais.
— Estabelecer no ambiente familiar um clima de respeito e liberdade, eliminando relações de superdependência simbióticas, para que possamos ser nós mesmos e deixemos os outros ser eles mesmos.
— Criar padrões de comportamentos positivos, pois comportamentos são hábitos, e nossos hábitos determinam a facilidade de aceitarmos ou não as circunstâncias da vida.
— Conscientizar-nos de que somos seres humanos livres por natureza, mas também responsáveis por nossos atos e pensamentos, pois recebemos por herança natural o livre-arbítrio.
— Cultivar constantemente o autoconhecimento:
— reforçando nossa visão nos traços de nossa personalidade que já conhecemos;
— buscando nossos traços interiores, que ainda nos são desconhecidos;
— analisando as opiniões de outras pessoas que, ao contrário de nós, já conhecemos nosso perfil psicológico;
— aceitando plenamente nosso lado inadequado, sem jamais escondê-lo de nós mesmos e dos outros, tentando, porém, equilibrá-lo.
Meditemos, pois, sobre essas ponderações que, com certeza, nos ajudarão a libertar-nos dessas necessidades constrangedoras, cujas verdadeiras matrizes se encontram na intimidade de nós mesmos.

Livro: Renovando Atitudes, cap 34. Francisco do E. Neto pelo Espírito Hammed.

sábado, 26 de novembro de 2011

Aprendendo a Imaginação Ativa

Lembro-me da história que uma sábia senhora me contou: durante uma longa excursão por países que sempre sonhou visitar, ela foi obrigada a compartilhar o quarto com uma mulher que lhe era completamente incompatível. De início, ela sentiu que isso iria inevitavelmente estragar a viagem. Mas logo percebeu que iria desperdiçar um dos momentos mais interessantes e agradáveis de sua vida se permitisse que sua aversão por aquela mulher estragasse sua viagem. Portanto, ela se decidiu a aceitar a sua companheira incompatível e se desligou dos sentimentos negativos e da própria mulher, ao mesmo tempo que continuava sendo amistosa e gentil para com ela. Essa técnica funcionou às mil maravilhas e a sábia senhora conseguiu desfrutar imensamente a excursão.
Ocorre exatamente o mesmo com os elementos do inconsciente que nos causam aversão e que sentimos que nos são incompatíveis. Se nos damos o luxo de sentir raiva desses elementos, estragamos a nossa viagem através da vida. Se formos capazes de aceitá-los pelo que são e tratá-los bem, descobriremos com muita freqüência que eles, afinal de contas, não são assim tão maus; e pelo menos livramo-nos de sofrer sua hostilidade.
No confronto com o inconsciente, a primeira figura que encontramos geralmente é a sombra pessoal. Já que na sua maior parte ela consiste naquilo que rejeitamos em nós mesmos; geralmente ela nos é tão incompatível quanto a companheira de viagem daquela senhora. Se hostilizarmos o inconsciente, ele se tornará cada vez mais insuportável; mas, se formos amistosos — reconhecendo o seu direito de ser como é —, o inconsciente passará por uma admirável transformação.
Uma vez, quando sonhei com uma sombra que me era especialmente odiosa mas que, por experiência anterior, eu era capaz de aceitar, Jung me disse: "Agora o seu inconsciente está menos brilhante, mas muito amplo. Você sabe que, embora sendo uma mulher inegavelmente honesta, você também pode ser desonesta. Talvez seja desagradável mas, na verdade, é um ganho imenso." Quanto mais avançamos, mais percebemos que cada alargamento da consciência é, na verdade, o ganho maior que podemos alcançar. Quase todas as nossas dificuldades na vida devem-se ao fato de que a nossa consciência é por demais estreita para encontrá-las e compreendê-las; e nada nos ajuda mais no processo de compreendermos essas dificuldades do que aprendermos a entrar em contato com elas na imaginação ativa.

davidope4 Gifs animados muito loucosDentre os usos da imaginação ativa, o maior deles é colocar-nos em harmonia com o Tao — e assim as coisas certas, não as erradas, acontecem à nossa volta. Talvez falar do Tao chinês possa trazer um toque de exotismo a uma coisa que, na verdade, nada mais é que a simples experiência cotidiana; mas, ainda assim, encontramos o mesmo significado na nossa linguagem mais coloquial: "Esta manha ele levantou da cama pelo lado errado" (ou, como dizem os suíços, "com o pé esquerdo"). Essa expressão descreve muito bem uma condição psicológica na qual não levantamos em harmonia com o nosso inconsciente. Somos mal-humorados e desagradáveis e — assim como a noite segue-se ao dia — segue-se que temos um efeito desintegrador sobre o nosso ambiente.
Todos nós já experimentamos o fato de que as nossas intenções conscientes estão sempre sendo frustradas por oponentes desconhecidos — ou relativamente desconhecidos — no nosso inconsciente. Talvez a definição mais simples da imaginação ativa seja dizer que ela nos dá a oportunidade de iniciar negociações com essas forças (ou figuras) no nosso inconsciente e, com o tempo, chegar a um acordo com elas. Nesse aspecto, a imaginação ativa difere dos sonhos, pois neles não exercemos nenhum controle sobre o nosso comportamento. Na maioria dos casos na análise prática, é claro, os sonhos são suficientes para restabelecer um equilíbrio entre o consciente e o inconsciente. Somente em alguns casos algo mais é exigido. Mas, antes de prosseguirmos, eu gostaria de apresentar uma breve descrição das técnicas que podem ser utilizadas na imaginação ativa.
A primeira coisa é estar só e, na medida do possível, livre de qualquer interrupção. A pessoa deve sentar-se e concentrar-se em ver ou ouvir qualquer coisa que emerja do inconsciente. Quando essa "imagem" for alcançada — e em geral isso está longe de ser fácil —, deve-se evitar que ela volte a afundar no inconsciente desenhando, pintando ou escrevendo aquilo que foi visto ou ouvido. As vezes é possível expressá-la melhor através do movimento ou da dança. Algumas pessoas não conseguem entrar em contato com o inconsciente de modo direto. Uma abordagem indireta que muitas vezes revela muito bem o inconsciente, consiste em escrever histórias sobre, aparentemente, outras pessoas. Essas histórias sempre revelam aquelas porções da psique do próprio escritor das quais ele(a) está completamente inconsciente.
Em qualquer dos casos, o objetivo é entrar em contato com o inconsciente; esse contato dá ao inconsciente a oportunidade de se expressar, de um modo ou de outro. (As pessoas que estão convencidas de que o inconsciente não tem vida própria, não devem sequer tentar esta prática.) Para dar essa oportunidade ao inconsciente é necessário, quase sempre, superar um grau variável de "limitação consciente" e permitir que as fantasias, que estão sempre mais ou menos presentes no inconsciente, venham à consciência. (Jung certa vez me disse que acreditava que o sonho prossegue continuamente no inconsciente, mas em geral precisa do sono e da completa suspensão da atenção às coisas de fora para poder registrar-se na consciência.) De modo geral, o primeiro passo na imaginação ativa é aprender a, digamos assim, ver ou ouvir o sonho em estado de vigília.

Em outros trabalhos seus; Jung inclui o movimento e a música entre os caminhos através dos quais é possível alcançarmos essas fantasias. Ele sugere que o movimento — embora possa ser da maior ajuda para dissolver a limitação da consciência — traz consigo a dificuldade do próprio registro dos movimentos em si; e que, se não houver nenhum registro exterior, é impressionante a rapidez com que as coisas que surgem do inconsciente desaparecem da mente consciente.
Jung sugere que os movimentos liberadores sejam repetidos até se fixarem realmente na memória; mas, mesmo assim, minha experiência demonstra que também é aconselhável desenhar o padrão criado pela dança (ou movimento) ou escrever algumas palavras descritivas para evitar que esse padrão desapareça por completo no prazo de alguns dias.
Existe ainda uma outra técnica para lidar com o inconsciente através da imaginação ativa, a qual sempre considerei de extrema ajuda: a conversação com os conteúdos do inconsciente que parecem personificados.
É claro que é da maior importância saber com quem estamos falando, em vez de imaginar que qualquer voz está proferindo palavras inspiradas pelo Espírito Santo! Com a visualização, isso se torna relativamente fácil. Mas isso também é possível, quando não existe visualização, pois a pessoa pode aprender a identificar as vozes ou o modo de falar e assim evita cometer erros. Além disso, essas figuras são paradoxais; elas têm lados positivos e lados negativos, e um geralmente interrompe o outro. Nesse caso, você pode julgar melhor através do que é dito.
Existe uma regra muito importante que sempre deveria ser observada em qualquer técnica de imaginação ativa. Quando a praticamos, precisamos dar toda a nossa atenção consciente às coisas que dizemos ou fazemos — tanta atenção (ou ainda mais) do que daríamos a alguma situação importante da vida exterior. Isso impedirá que ela continue sendo uma fantasia passiva. Mas depois de termos feito (ou dito) tudo o que queríamos, precisamos ser capazes de deixar a nossa mente "em branco" para podermos ouvir (ou ver) as coisas que o inconsciente quer nos dizer (ou fazer).
A técnica — tanto para o método visual quanto para o auditivo — consiste, primeiro de tudo, em sermos capazes de deixar que as coisas aconteçam. Mas não devemos permitir que as imagens se transformem como um caleidoscópio. Vamos supor que a primeira imagem seja um pássaro; deixada a si mesma, com a rapidez do relâmpago ela pode se transformar num leão, num navio em alto-mar, na cena de uma batalha ou em qualquer outra coisa. A técnica consiste em fixar nossa atenção sobre a primeira imagem e não deixar o pássaro escapar até que ele tenha explicado por que apareceu, qual a mensagem que ele nos traz do inconsciente e o que ele quer saber de nós. Eis aí a necessidade de entrarmos, nós mesmos, na cena ou na conversação. Se omitirmos esse estágio depois de aprender a deixar que as coisas aconteçam, a fantasia poderá mudar (como descrevi acima) ou então, mesmo que a primeira imagem se mantenha, ela terá a passividade visual do cinema ou a passividade auditiva do rádio. Ser capaz de deixar que as coisas aconteçam é um passo extremamente necessário mas, se nos entregamos a ele por um tempo excessivo, logo se torna prejudicial, Todo o propósito da imaginação ativa é fazer com que cheguemos a um acordo com o nosso inconsciente; para isso, precisamos nos entender com o inconsciente e só o conseguiremos se estivermos firmemente enraizados em nós mesmos.

BARBARA HANNAH

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Freud e o diabo

"Sería muito simpático que Deus existiisse, que houvesse criado o mundo e fosse uma verdadeira providência; que existisse uma ordem moral no universo e na vida futura; mas é muito mais surpreendente que tudo isso seja apenas aquilo que nós nos sentimos obrigados a desejar que exista." — Sigmund Freud

A história do Diabo, coincide com a história do medo e angustias próprias dos psiquismos pessoais. A crença no Diabo representa em grande parte a exteriorização de uma série de desejos insatisfeitos derivados do complexo infantil de Édipo, do desejo de imitar alguns aspectos paternos e da pulsão de desafiar o pai.  Em tal crença  se implica por conseqüência  a emulação e a hostilidade como componentes ambíguos na relação com a figura paterna. É a partir desta identidade que surgem o aspecto mítico opositor de Deus e do Diabo e que se pode estudar seus diversos contextos etno-histórico-religiosos...
Em uma análise psicanalítica o diabo reflete potencialmente quatro experiências psíquicas diversas:

O Diabo Libertino: O pai por quem sentimos admiração e cuja a potência sexual o filho sente inveja. Este aspecto se refere a força fálica da libido do demônio. Para o diabo não há restrições de qualquer tipo nem barreiras sexuais. Os aspectos animalescos das representações do Diabo (chifres, rabo, cascos) são um simbolismos para a completa liberdade sexual que ele, assim como os animais possui. Esta é usualmente a imagem do diabo usada pelos satanistas tradicionais e demonolatras em geral.

O Diabo Adversário: O pai contra o qual se sente uma decidida hostilidade e que é o mesmo hostil ao filho. Este aspecto se refere a figura diabólica punida e portadora de destruições. Embora tecnicamente seja Deus quem pune, o Diabo é freqüentemente retratado como o grande senhor do Inferno que pune e castiga o ser humano. Por estes ele sentiria um completo ódio a todo o instante tentando levar os humanos para o seu local de castigo, ou segundo algumas tradições tratando de punir as pessoas aqui mesmo por meio de doenças, pobreza, solidão e demais provações. Esta é usualmente a imagem do diabo usada por devotos das religiões de massa como o cristianismo, judaísmo e islamismo.

O Diabo Impostor: O filho que emula o pai, que copia deliberadamente Deus.  O pai da mentira. É o diabo que se confunde com o próprio Demiurgo.  O diabo aqui é o chamado “Símia Dei”; o macaco de Deus. O deus cego (Samael). Um adulto imperfeito, muitas vezes arrogante e orgulhoso do pouco poder que possui em relação ao seu distante e indiferente pai. Esta é usualmente a imagem do diabo usada pelos gnósticos (a aberração gerada por eon Sophia após sua queda) e pelos místicos cristãos em geral.

O Diabo Rebelde: O filho que desafia o pai, o grande rebelde que se volta contra Deus e que é expulso do céu. Trata-se da figura do Diabo romântico, a figura miltoniana que faz o impossível e desafia Deus. O rebelde supremo, que leva consigo 1/3 dos anjos do céu assim como o filho representa 1/3 da família. Ele deixa mãe e pai, sai de casa e se ergue sozinho para constrói segundo seus próprios padrões. Esta é usualmente a imagem do diabo usada por satanistas modernos e luciferianistas.

A imagem adotada por cada pessoa diz muito sobre o relacionamento que ela mesmo teve com sua figura paterna. Sabemos antes de tudo que Deus é o substituto do pai, ou mais precisamente um pai que foi exaltado. Enquanto que o Demônio malvado é a antítese de Deus. Não é necessária grande perspicácia analítica  para chegar a conclusão que Deus e o Diabo foram originalmente idênticos. Uma única figura que com o tempo foi dividida em duas figuras dotadas de atributos apostos. O pai idealizado, protetor, provedor e amoroso é alocado para a figura divina. Mas sendo humano, o pai possui características conflituosas, e tudo aquilo que não consegue ser facilmente assimilado é alocado para a figura do diabo. O pai irado, ditador, arrogante e obsceno transforma-se no Diabo.

Este é um exemplo bem conhecido do processo  pelo qual uma representação contendo atributos contraditórios ( ambivalentes) se descompõe em dois opostos separados de claro contraste. O Pai bom e o Pai Mal não são portanto uma invenção da igreja cristã, mas um constructo psicológico muito comum e confortável a psiquê humana, haja visto sua ancestralidade em mitos muitíssimos mais antigos como os persas Spenta Mainya e Ahriman e os egípcios Osiris e Seth .

De qualquer modo, as contradições específicas concernentes a natureza original de Deus refletem a ambivalência que caracteriza a relação de cada um com sua própria figura paterna. Assim, se um Deus justo e misericordioso é um substituto do pai, nada mais natural do que a atitude hostil ante o pai, que o filho odeia, e teme e queria ser ele tenha encontrado tão perfeita expressão nas diversas manifestações históricas do mito de Satanás.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Perseu, Medusa e a Literatura como caminho de realidade.

Para quem não conhece o Mito segue abaixo uma versão dele que eu traduzi de um site italiano


Mítico herói grego, já conhecido em Homero e Esíodo, filho de Zeus e de Dânae, assim que nasceu, segundo a lenda, Perseu foi jogado ao mar dentro de uma caixa, junto com a mãe, pelo avô Acrísio, rei de Argo, a quem um oráculo havia previsto que seria morto pelas mãos do próprio neto. A caixa, levada pelos ventos, aportou na ilha de Sérifo, onde Dânae foi feita escrava e Perseu foi levado pelo tirano Polidette. Quando adulto Perseu, Polidette, para oferecer um digno presente nupcial a Ippodamia, com que desejava casar-se , organizou um banquete ritualístico no qual só se podia participar montado em um cavalo. Perseu, que não possuía um cavalo, prometeu a Polidette que teria em mãos a cabeça decepada da Medusa, uma das três Górgonas, cujo corpo era comumente representado como um corpo de cavalo. A contenda era dificil, mas em auxílio de Perseu vieram Hermes e Atenas que convenceram as Náiades a doar ao herói um par de sandálias aladas, um elmo que lhe deixava invisível e uma bolsa de pele mágica(kibisis) para colocar a testa da Górgona. Assim equipado, Perseu alçou vôo e chegou ao jardim das Hespérides e auxiliado pela deusa Gaia penetrou na gruta onde as Górgonas dormiam. Para matar a Medusa, única das três Górgonas que era mortal, era preciso evitar olhar para o seu rosto, que tinha o poder de petrificar quem o olhava. Perseu então, segundo uma versão do Mito, decapitou a Medusa olhando atrás do seu rosto; segundo outra versão, desferiu o golpe olhando a Górgona refletida em um escudo reluzente que Atenas havia lhe dado. Do pescoço cortado da Górgona saíram então o Herói Crisaor e o cavalo alado Pégaso, que se encontravam no seu colo. Perseu depôs na bolsa mágica a cabeça da Górgona, montou seu cavalo Pégaso e voando com ele conseguiu evitar que as outras duas Górgonas, neste meio tempo já acordadas, lhe seguissem. Na sua fuga aérea Perseu atingiu o país dos Etíopes onde encontrou Andrômeda, amarrada a uma rocha e exposta a um monstro marinho para aplacar a cólera de Posêidon. Perseu então se aproximou do monstro e o matou petrificando-o com a cabeça da Górgona e assim libertou Andrômeda, levando-a consigo a Sérifo, onde ainda acontecia o banquete organizado por Polidette. Mostrando a cabeça da Medusa, Perseu petrificou também Polidette, liberou a mãe da escravidão e com Dânae e Andrômeda tornou a Argo. A lenda ainda conta que depois Perseu, ainda na tentativa de reconciliar-se com o avô, o mata involuntariamente, golpeando-o com um disco lançado no curso de uma competição e assim se cumpriu a profecia do Oráculo.

Esse mito sempre me mobilizou muito. Existem muitas interpretações para ele. A que eu mais gosto é aquela feita pelo Ítalo Calvino nas suas Seis Lições americanas para o próximo Milênio. Na primeira das suas seis lições, a leveza, Calvino nos diz que a literatura é uma arte de representação das realidades humanas. Diz que essa representação se daria através de uma luz indireta, assim como a luz de um espelho, e que através dessa luz poderíamos entrar em contato com a dureza da realidade, sem, contudo, sermos petrificados por ela e sem, ao mesmo tempo, deixar de lidar com essa mesma realidade. Usando o mito de Perseu, que consegue matar a Medusa ao ver a imagem do monstro refletida no seu escudo reluzente, ele nos mostra, através da narrativa mítica, que o herói não se recusa a lidar com a realidade que o espera, mas o faz recusando olhar diretamente a Medusa. Aquele que olhar diretamente o rosto da medusa terá sua linguagem e imagem petrificadas pela dureza da realidade.

Ao invés disso, é na recusa da visão direta como o faz Perseu, que reside a força do escritor e a força do herói. O escritor representa a realidade com um discurso de leveza sem deixar de conter aí toda dureza e todo o peso das realidades humanas. E o herói guiado pelos seu deuses internos supera a realidade que o oprime recusando a paralisia. O cavalo Pégaso na história também nos remete ao movimento, que é o contrário de estar parado, petrificado. A narrativa é uma jornada heróica de superação, pois Perseu usa dessa mesma realidade que petrifica, ou seja a cabeça da Medusa, para libertar a si mesmo, Andrômeda e também sua mãe.

 

sábado, 12 de novembro de 2011

Encontros e Despedidas




Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida... É a vida... É a vida...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

9 coisas que você deve saber sobre seu cérebro

 

O cérebro é uma das partes mais incríveis do corpo humano. Ele se torna ainda mais impressionante quando funciona de uma maneira diferente da que esperamos. A ciência da psicologia frequentemente acerta sobre o funcionamento da mente humana, mas a Neurologia apresentou algumas surpresas interessantes nas últimas décadas:

 

1) 7 é o máximo de ítens para a memória de curta duração.

O cérebro possui três mecanismos de memória: Sensório, Longa Duração e Curta Duração. a memória de Longa Duração, funciona como um disco rígido de um computador. Da mesma forma, poderíamos dizer que a memória de Curta Duração se aproxima da memória RAM. Esta memória de curta duração é capaz de armazenar de cinco a nove itens, sendo sete a média humana.

Aplicabilidade: Não perca tempo memorizando grandes listas Armazenar informação exige portanto o compactamento em aproximadamente sete unidades ou guardá-lo
na memória de Longa Duração.

 

2) Verde Lima é a cor mais visível.

O Verde Lima esta localizado exatamente no meio do espectro solar visível pelos olhos humanos, mais precisamente entre o verde e o amarelo. Nosso sistema nervoso possui receptores independentes para o verde, o vermelho e o azul e o Verde Lima aciona os três receptores ao mesmo tempo tornando-se a cor mais perceptível de todas.

Aplicabilidade: Use Verde Lima quando quiser destacar algo. Por esta razão esta é a cor ideal para veículos e profissionais do transito das grandes metrópoles.

 

3) Seu Subconsciente é mais esperto do que você

Seu Subconsciente é mais esperto do que você. Em outras palavras, ele é mais poderoso do que os processos conscientes. Em um estudo recente, um quadrado era colocado em uma tela seguindo um complexo padrão. Depois de um tempo logo as pessoas começaram a melhorar o resultado ao tentar descobrir onde o quadrado iria aparecer em seguida. Quando indagados para conscientemente explicar o padrão, mesmo de pois de horas, ninguém conseguiu.

Aplicabilidade: Confie mais nos seus "instintos"

 

4) Sinestesia é para todos

A mistura de sentidos não é exclusividade de pessoas que usam LSD, todo ser humano possui algum grau de sinestesia. Em um experimento psicológico Wolfgang Köhler pediu que entrevistados descobrissem o nome de duas figuras, uma chamada Buba, e outra Kiki. O interessante é que o experimento resultou em 98% de acertos. A sensação é tão imediata que não vamos nem colocar os nomes na ilustração abaixo:

bubaykiki.gif


Aplicabilidade: Use o fator sinestésico para aprimorar a memória e o aprendizado.

 

5) O cérebro humano não é bom com probabilidades

Sua professora do colégio já deve ter lhe provado isso. Mas recentemente foi descoberto que o cérebro humano é naturalmente propenso a cometer alguns erros básicos de probabilidade. Em um estudo foi proposto o seguinte problema:

Jessica é uma mulher solteira de 31 anos, cândida e promissora profissionalmente. Graduada em filosofia. Enquanto estudante engajou-se em militância social e participou de passeatas contra o descontrole da energia nuclear.

Ranqueie as seguintes da mais para a menos provável:

       1. Jessica é hoje uma professora do ensino fundamental.
       2. Jessica trabalha em uma livraria e faz aulas de yoga.
       3. Jessica é uma ativista do movimento feminista.
       4. Jessica é assistente social.
       5. Jessica é membra ativa de um partido político.
       6. Jessica trabalha num banco.
       7. Jessica é vendedora de uma agência de seguros.
       8. Jessica trabalha no banco e é uma ativista do movimento feminista.

Aproximadamente 90% das pessoas afirmaram que 8 é mais provável que 6. Muito embora 8 (trabalhar no banco e ser uma ativista do movimento feminista) inclua inteiramente a possibilidade de 6 (trabalhar num banco). O cérebro humano acredita que mais detalhes fazem um evento tornar-se mais provável, e não menos.

Aplicabilidade: Lembre-se sempre que quanto mais detalhes menos provável é um evento.

 

6) Memórias são manipuláveis.

Pesquisas revelaram que as pessoas muito facilmente falham ao lembrar do passado. Não se trata apenas de esquecer do passado, mas de lembrar de coisas que nunca aconteceram. Por este motivo, terapias de "memórias reprimidas" entraram em desuso entre profissionais sérios, caindo na mesma leva das "memórias das vidas passadas". Em um ambiente controlado como o de um consultório psiquiátrico é extremamente fácil sugerir coisas que nunca de fato existiram.

Aplicabilidade: Não teime com algo só porque você lembra bem do que aconteceu.

 

7) Rcnecciemhento de plaarvas plea fomra


Vcoê csnoseuge ler etse txteo com um pcoua dcifuaidlde. As lertas etsão emlbaarhaads e anepas são madnitas a pimerira e a utlmia ltrea de cdaa plaarva. Isso actocnee pouqrue qnaudo se etsá aoscumtado com a lngíua naivta, o crbeero não lê ltrea a lrtea, mas a plaarva cmoo um tdoo.

Apicliilbaadde: É dietrvido, prcseia mais?

 

8 ) A Memória de longa Duração é desligada durante o sono

Os componentes cerebrais responsáveis pela memória de longa duração são desligados durante as horas de sono. Por esta razão os sonhos são rapidamente esquecidos se não relembrados nos primeiros momentos do despertar. Apesar do ser humano ter vários sonhos durante o repouso eles dificilmente são lembrados. Normalmente apenas fragmentos ainda na memória de curta duração sobrevivem.

Aplicabilidade: Se quiser lembrar de seus sonhos, anote-os ao acordar.

 

9) O cérebro possui um excelente mecanismo de playback

A chamada memória sensória é o equivalente neural dos mecanismos de playback. Funciona tanto para a visão como para a audição. Seu tálamo re-envia os últimos segundos de tudo o que é originalmente captado pelos sentidos e processado pelo cérebro. Suponha que esteja acontecendo uma festa e alguém diz algo chamando o seu nome. Geralmente você pode recuperar o que foi dito mesmo se estivesse no momento se concentrando em outra conversa. Se perdêssemos este recurso neural atividades multitarefas seriam impraticáveis.

Aplicabilidade: Você não precisa repetir algo porque acha que a pessoa não ouviu. Basta aguardar alguns segundos que o cérebro dela faz isso sozinho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Magia do Caos e responsabilidade.

O lema mais conhecido da Magia do Caos é 'nada é verdadeiro, tudo é permitido'. A má interpretação desta frase levou muitas pessoas que realizam atos inconsequentes a se auto-entitularem 'magistas do caos' ou 'caoístas'. A própria palavra 'caos' sub-entende as idéias de 'desordem', 'anarquia' e para muitos o indesejável. É tempo de lançar uma luz sobre o assunto e separar o joio do trigo.


Seria impossível definir o Caos em conceitos, mas por uma aproximação de idéias poderíamos dizer sobre o Caos: 'imóvel movedor por tras de todas as coisas'; 'o imanifesto na eterna transformação do universo'; 'o manifestador das sincronicidades não-lineares'. Por entender que nada no universo das coisas manifestas é imutável, os caoístas dizem que 'nada é verdadeiro', nada é derradeiro, ou seja, não existem verdades absolutas. Não existem barreiras que sejam sempre intransponíveis.
Isto nos leva a segunda parte do lema : "tudo é permitido". A frase é assim dita para desprogramar as mentes sobre seus limites. Para construir uma sociedade controlável, o poder estabelecido pelo estado e pelas religiões utilizou sempre da programação restritiva: 'Isso não pode', 'você não vai conseguir', 'é difícil demais', 'é impossível', 'é proibido', etc. Esta é a forma     mais eficaz de não alcançar um objetivo: não acreditando que seja possível fazê-lo. 
  
"A Magia do Caos usa a crença e o desejo do sub-consciente como agentes da sincronicidade. O primeiro passo é acreditar que tudo é possível, que tudo é permitido, pois 'os raios do Caos movem todas as coisas" - Kaos Keraunos Kybernetos. 

Então para o caoísta, não existem verdades absolutas e tudo é possível. É possível agir na transformação do universo, preparando a chegada de uma nova era, onde as verdades impostas hoje como valores de conduta moral e organização social sejam revistas, por não serem absolutas. É possível fazer a revolução da crença para a consciência, iniciando por si próprio, ao admitir a mudança de seus próprios valores e convicções. Sobretudo, é possível transformar magicamente a realidade usando a mente em sintonia com a eterna mutação do universo.

Ao ser o agente da transformação desejada, o caoísta em um ato pessoal e intransferível usa de seu treinamento mental, de sua força de vontade e das técnicas mágicas que conhece para carregar o seu sub-consciente com a magia. Mesmo após fazê-lo, ao deixar o ato mágico fora de seu fluxo de idéias, evitando que a razão contamine a magia realizada, o caoísta está agindo no 'não-fazer'. Até no não pensar existe uma responsabilidade para que o desejo vire realidade. Magia do Caos é controle de seus atos e responsabilidade.


Pássaro da noite.


 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de Outubro: Haloween - Beltane.

Hoje nesse dia chuvoso e de friagem, me recordo das boas e engraçadas festas de Haloween que participei em minha adolescência, até mesmo no início de minha vida adulta durante o curso da faculdade de Letras tive bons momentos de diversão, de doces e travessuras, de gargalhadas e fantasias.
Agradeço até aos americanos esta migração dessa festa que fazem parte da propriedade cultural desse país; não serei hipócrita nacionalista, por mim caíria agora mesmo toda barreira fronteiristica física e psicológica e seriamos todos somente seres humanos com livre trânsito e numa permuta incessante de trocas culturais e de vivências. É utopia!? Hoje sim. Mas creio nos meus sonhos utópicos que eles estão no espiral que move o mundo vindo se fazer realidade.
E como é interessante observar que essas pequenas alegrias de adolescência; torna-se um grande regozijo nos dias de hoje em que dia-a-dia procuro desenvolver a consciência do mundo em minha volta.
Não sabia eu que essa festa das bruxas era uma festa Pagã, pra mim no minímo era o que os mais radicais das religiões cristãs chamavam era de festa do demônio. Hehehehehehehehe...

Mas o Haloween dos americanos é a festa de Beltane para os druidas-celtas, Rudemas para os ibéricos, Walpurgisnacht para os nórdicos. Celebração da fertilidade onde o sagrado feminino se une ao sagrado masculino, a Deusa que se une ao seu Consorte. Tempos esses que o sexo não era tido como pecado, que o medo e a culpa não faziam parte do inconsciente coletivo, as festas eram usados máscaras apenas para simbolizar o Deus e a Deusa conforme a imaginação e a criatividade de cada indíviduo, pois esses sabiam inerentemente que essas forças sagradas se encontravam também dentro de seus seres. São arquétipos psicológicos para a terra que se torna fértil com as condições climáticas que são propícias para o plantio dos alimentos no qual hoje vem ensacado e parborizado, ceivado e selecionado pelas grandes indústrias de alimentos. Todo esse avanço industrial e desenvolvimento tecnológico nos afastou tanto da natureza que praticamente não damos mais tanto valor as comemorações que celebravam os nossos ancestrais. Contudo é preciso resgatar! A semente para a re-união com a Mãe Terra está lá nas profundezas das camadas de nossas psiquês, e se queremos ter um mundo ecologicamente funcional e consciente é necessário o resgate dessas antigas tradições que nos são tão caros.


Conta-nos a história que do dia 31 de outubro para 1 de novembro no hemisfério sul, e 30 de abril para 1 de maio no hemisfério norte, nossos mais antigos ancestrais celebravam em seus rituais honra à memória de seus antepassados, pois, nesse período de tempo encontra-se aberto o véu que separa o mundo dos vivos para o mundo dos mortos.
O festival de Beltane era dedicado na Grécia antiga a Hades, o senhor do Submundo, correspondente do deus Plutão da mitologia romana. O primeiro dia de maio era também aquele em que os antigos romanos e gregos queimavam olíbano e sândalo e penduravam guirlandas de flores diante de seus altares em honra aos espíritos guardiães que olhavam e protegiam suas famílias e suas casas. Daí parte a adaptação das celebrações da Igreja Católica romana do dia de todos os santos e dos dias de finados.

Eu particularmente aprecio e celebro essa data como manifestação do poder da vida fértil, das sementes de sabedoria que irão brotar até a colheita próxima. Do grão que morre para germinar Trigo, ressuscitar no Pão que alimenta os homens em sua totalidade, corpo, mente e espírito. E assim é evocado das profundezas de minha alma o arquétipo de Demeter e Zeus para a Fertilidade da vida; de Hécate e Hades para o mistério da morte, equilibrando o sagrado masculino e femino presente em mim e em você.

Honrados e benditos sejam os meus e os seus ancestrais pelas estrelas que foram, são e serão na órbita continua que é a lei que conduz à evolução do universo.
Amor é a lei.
Amor sob vontade!

domingo, 16 de outubro de 2011

Sobre mim. Nas margens de Mim.


Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz, não fui
Me desaprendi.
Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar.
Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser!
Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui!
De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser.

sábado, 15 de outubro de 2011

Paulo Freire - O Mentor da Educação para a Consciência.


Nesse dia dos Professores, coloco para os amigos leitores um texto sobre esse grande e inspirador Educador que revolucionou os rumos da Educação em nosso Brasil. Que em todos os campos de nossas vidas possamos praticar a Pedagogia do Amor de Freire, esse grande brasileiro.
Celso Junior.

Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.

Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.

Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas lingüísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.

Seres inacabados

O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".


Três etapas rumo à conscientização

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.

Márcio Ferrari.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Inteligência Emocional de Perdoar 70 X 7


empreendedor, empreendedorismo, lider, lideranca, administracao, Recursos Humanos, Gestao de Pessoas, Richard Bandler, Grinder, Joseph OConnor, Programacao, Neuro Linguistica, estrategia, objetivos, metas, crencas, excelencia, sonho, realidade, percepcao, golfinho, comportamento, generalizacoes, ancoras
Há momentos na vida que tudo parece tão difícil, pois, quando olhamos para o futuro nos vemos sem perspectivas, quando olhamos para o presente um vazio invade nosso peito, uma angústia enorme nos domina. Nestes momentos talvez estejamos de costas para o nosso futuro, nos esquecendo do presente, que tudo acontece no aqui e agora e na verdade estamos presos a um passado a que nos apegamos como se isso fosse a única coisa que importasse.
Desta forma carregamos em nossa viagem uma quantidade enorme de malas pesadas e sem alça, difíceis de carregar. A vida fica lenta, sofrida e desprazerosa e quando insistimos nestas atitudes podemos até adoecer.
Quando ficamos presos ao passado ressentimos o que aconteceu como se estivéssemos lá. Afinal, estamos onde nossa mente está e muitas de nossas reações impulsivas das quais nos arrependemos depois nascem deste ressentimento.
Ressentir é sentir de novo o que já passou, é dar as costas para o futuro e esquecer o presente. Ressentimento é uma emoção e não um fato, o fato aconteceu lá atrás, a diferença é o significado que damos a este fato.
Lembrar coisas boas nos dá ânimo para continuar, ressentir mágoas, raiva e ódio nos corroe literalmente, pois se refletem em nosso corpo, ocasionam doenças físicas e emocionais.
Emoções negativas, contidas e ressentidas destroem a vida, cegam os mais belos olhos, ensurdecem os mais ávidos ouvidos, param os mais saudáveis corações. Priva de prosperidade um filho de Deus.
Deixar de ressentir e se libertar é uma atitude de inteligência e a atitude que neutraliza o ressentimento se chama perdão... Então, o perdão é um ato de inteligência. O ressentimento é a escuridão, o perdão a sua luz.
O perdão antes de tudo é um ato de auto-amor, de auto-preservação e de auto compreensão. Não é o outro que mais ganha, somos nós. Muitos confundem o perdão com outras atitudes e coisas, por isso, deixam de perdoar.
Muitos criam objeções ao perdão, porque acreditam que se perdoassem estariam concordando com o comportamento prejudicial que violou seus valores. Isso não é verdade...
Acreditam que o perdão eliminaria a função positiva, como, evitar a repetição do comportamento inadequado. O perdão é interno e não significa concordar com o comportamento do outro ou deixar de evitar a repetição desse comportamento.
Perdão é uma atitude racional que liberta nosso emocional... Separe a função positiva aparente da raiva da função positiva efetiva do perdão. Aparentemente a raiva nos liberta, na verdade nos prende. Aparentemente o perdão é renuncia, na verdade é libertação.
O perdão é uma atitude de inteligência. Pense: como é ressentir e remoer algo que aconteceu em seu passado? Agora, pense: Como seria se você tivesse perdoado? Responda: O que é mais saudável e mais inteligente para você?
Para perdoar inteligentemente, liberte-se da necessidade de se zangar, de brigar, de ressentir e ofereça respostas comportamentais específicas para realizar essa função protetora, isto é, haja racionalmente de acordo com a situação. Por isso que dizemos: quem berra perde a razão...
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Muitos guardam ressentimentos de pessoas que já se retiraram de sua vida ou que até já não fazem mais parte desse mundo. O que há de bom para você nesse ressentimento? Se, não há nada de bom o que te impede de perdoar?
Lembre-se, antes de perdoar tem que se querer, esse é o primeiro passo. Perdoar os outros ou a si próprio não significa aceitar o comportamento que nos prejudicou ou prejudicou a outros, nem renunciar valores que foram violados.
Perdoar é uma atitude de inteligência que traz paz e solução para sua vida. Então se pergunte: Você quer solucionar esta situação interiormente? Você quer se livrar deste fardo?
Perdoar tem mais a ver com você do que com o outro, podemos perdoar sem haver reconciliação, são coisas diferentes, o perdão é interior, ocorre em nosso mundo mental.
Perdoar é uma atitude de inteligência, é uma religião no sentido mais próprio da palavra, isto é, religar-se a Deus pela compreensão de si mesmo, do outro e de uma situação. Compreender é diferente de concordar, entender é diferente de permitir que a situação se repita.
O perdão nasce da compreensão que promove a libertação e ambas são sementes da mais pura sabedoria. Perdoe e liberte-se!