sábado, 30 de junho de 2012

Alquimia Interior do Taoísmo - (Nei Dan)


O processo de alquimia interior (Nei Dan) do Taoísmo está entre alguns dos métodos de energia mais poderosas e mais complicadas de toda a tradição oriental. A ânsia dos taoístas para o estudo sistemático da experiência espiritual tem levado, ao longo dos séculos, para desenvolver um sistema altamente especializado de "transmutação" da estrutura da personalidade, cuja fase inicial estão disponíveis para a maioria dos praticantes.




Divisão tradicional do trabalho alquímico é o seguinte (pode haver pequenas variações):

1. Coloque as bases,
2. Refinar a essência Limite e transformá-la em energia,
3. Refinar a energia e transformá-la em Espírito
4. Refinar o Espírito para retornar ao vazio
5. Transmutar o vazio para ir ao encontro do Tao

Eu gostaria de falar sobre as duas primeiras fases de desenvolvimento no trabalho alquímico, e mais tarde com algum detalhe pode aprofundar nas etapas posteriores:
  1. Coloque as bases (ji lian Zhu Yi)
A idéia básica neste nível é aprender a concentrar a mente através de vários sistemas...
Deter o pensamento discursivo (zhinian), regular a respiração (diaoxi).
Na prática taoísta, é essencial para manter uma boa saúde física, mental e emocional, a prática de exercícios físicos (daoyin), métodos de respiração (tuna) e práticas de concentração mental (Cunsi), tais práticas ajudam a proteger os Três Tesouros ( Jing, Qi, Shen – Essência, Energia e Espírito).
Este nível completamente acessível para todos os estudantes é requerido que o praticante gere a “medicina” (Yao) em seu centro energético Datian (que segundo as tradições é localizado em lugares diferentes nos homens e nas mulheres.) Esse é o chamado trabalho dos 100 dias (bai ri gong ling).
A prática básica é chamada "respiração abdominal" (fushi Huxi) que tem algumas nuances que normalmente não são descritos e ensinados o que converte a prática em algo muito interessante e vital.
  1. Refinar a Essência e transformá-la em energia (qi lian hua jing)
Uma vez que a respiração abdominal e as práticas de equilíbrio emocional criaram a "medicina" é passado para a próxima fase, que é para aquecer o núcleo basal (Yuan Jing – relacionada na sua forma mais material com os fluidos sexuais) no forno alquímico (Dantian) e "vaporiza-la" para que se purifique e seja transformada em Qi (energia).
Esta energia se moverá ao longo do canal espinhal (meridiano Du) e descerá na parte frontal do corpo (meridiano Ren) na forma de anel conhecido como “Órbita micro cósmica” (xiao zhou tian).
Para refinar a energia e transformá-la em energia Yang terá de unificar o espírito em energia (shen qi he yi). O ponto chave nesta fase é abrir as "três barreiras" (San guan), localizados no cóccix, no ‘’’meio das costas e nuca que são autênticas portas fechadas para a passagem da energia. Muitos dos exercícios de “Condução energética” (daoyin) estão destinados a desbloquear a passagem do Qi nestas áreas. Se este passo é completado, qualquer consequência subsequente é mínima.
Normalmente, nas mulheres, a prática difere um pouco, e nesta fase é chamada de (lian ye hua qi) (energia transformadora de fluidos).
Devido as diferenças fisiológicas e energética nas mulheres as três portas deverão ser abertas de frente para trás porque a metodologia será específica e a posição empregada é chamada de (kua he). Todos os taoístas dizem, sem hesitação, que a prática da alquimica em mulheres é melhor, muito mais rápido e mais poderoso. Dom Bu'er, um médico famoso taoísta, escreveu vários versos sobre a prática da "alquimica do sexo feminino."

“Há um corpo fora do corpo, que nada tem a ver com qualquer coisa produzida por artes mágicas. Fazer dessa energia; completa consciência é difundi-la, é a chave da vida, ativa, espírito unificado e original.
Esta lua brilhante congela o líquido de ouro, a lótus azul real refina o jade .
Quando você cozinhar a medula do sol e da lua, a pérola se tornará tão brilhante que não haverá o porque se preocupar com a pobreza.” - Dom Bu'er
    3.  Refinar a Energía e transforma-la en Espírito [lian qi hua shen]
No momento da prática da circulação Microcósmica ela se chocará como uma flor a envolver um amplo circulo, relacionado com os "Oito Meridianos Extraordinários", na chamada "Orbita Macrocósmico" (da zhou tian). Sentsações de comunicação com a natureza conectam os praticantes com o Céu e a Terra. Alguns dizem que neste momento é gerado no interior do corpo, que é chamado de "pílula Superior" (ingrediente alquímico restaurador).
    4.  Refinar o Espírito para regressar ao vazio [lian shen huai xu]
Nesta fase da prática, a energia psíquica (Shen) evolui para o chamado "espírito original" (yuan shen). As energias mesclados do estado “posterior ao céu” se restauram num tipo de energia primordial chamada “anterior ao céu” (xian tian). A crença taoista é que um novo nascer dentro de seu próprio interior dá origem a um "corpo estranho ao corpo" (wai shen you ), shen formado exclusivamente por energia yang.
  1. Transmutar o vazío para o encontro com o Tao [lian xu he dao]
As diferenças desaparecem. Não há eu ou os outros, nem dentro nem fora, nem observador nem observado. O corpo espiritual é livre para viajar até os confins do universo.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Tudo em que acreditamos nos aprisiona


Por Robert Anton Wilson

Deve ser óbvio para todos os leitores inteligentes (mas curiosamente não é óbvio para todos) que o meu ponto de viste neste livro é de agnosticismo. A palavra "agnóstico" aparece explicitamente no "Prólogo” e a atitude agnóstica é repetidamente mencionada no texto, mas muitas pessoas ainda pensam que eu “acredito” em algumas das metáforas e modelos aqui mencionados. Portanto quero esclarecer , como nunca antes o fiz, que:

Eu não acredito em nada.

Essa afirmação foi feita explicitamente por John Gribbin, editor de física da revista New Scientist, em um debate da BBC com Malcolm Muggeridge, e provocou incredulidade por parte da maioria dos espectadores. Parece ser uma ressaca da era medieval católica que leva a maioria das pessoas, até aquelas considerada,, "educadas”, a pensar que todos devem “acreditar" em alguma coisa ou outra: que se uma pessoa não é teísta, deve então ser uma ateísta dogmática: e se, uma pessoa pensa que o capitalismo não é perfeito, ela deve acreditar fervorosamente no socialis­mo; e se uma pessoa não tem uma fé cega em x, ela alternativamente deve ter uma fé cega em y ou no reverso de x.

Minha opinião é de que a crença é a Morte da inteligência. A partir do momento que alguém acredita em algum tipo de doutrina ou assume a certeza, ele pára de pensar a respeito do aspecto da existência. Quanto maior é a certeza assumida, menos é deixado para se pensar a respeito de um determinado assunto, e uma pessoa que tivesse certeza sobre tudo não teria nenhuma necessidade de pensar a respeito de qual­quer coisa e poderia ser considerada clinicamente morta de acordo com as normas médicas atuais, pois a ausência de atividade cerebral é consi­derada o fim da vida.

Minha atitude é idêntica à do Dr. Gribbin e à da maioria dos físicos de hoje, visto que ela é conhecida como "A Interpretação de Copenhaguen", pois foi formulada em Copenhaguen pelo Dr. Niels Bohr e seus colabora­dores, entre 1926-1928. Algumas vezes, A Interpretação de Copenhaguen é chamada de "agnosticismo modelo" e reza que qualquer plano utilizado para organizar nossa experiência no mundo é um modelo do mundo e não deve ser confundido com o próprio mundo. Alfred Korzybski, o semanticista, procurou popularizar essa física externa por intermédio do slogan: "O mapa não é o território". Alan Watts, um talentoso exegeta da filosofia oriental, reformulou-o mais vividamente como: "O cardápio não é a refeição".

                 

A crença no sentido tradicional, ou convicção, ou dogma, resulta na grandiosa ilusão: "Meu modelo presente" — ou plano, ou mapa, ou túnel-realidade — "contém todo o universo e não precisará mais ser revisto". Em termos de história da ciência e do conhecimento em geral, para mim, isso parece absurdo e arrogante e fico sempre surpreso pelo fato de tantas, pessoas conseguirem viver com essa atitude medieval.

Do Livro: "O Gatilho Cósmico"

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Cabala e o princípio de Causa & Efeito



"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei" – O CAIBALION


Toda ação gera uma reação
, isso é fato comprovado pela própria Física. O Princípio de Causa e Efeito nos fala desta Lei, que é vigente em toda escala da Criação – desde os minúsculos átomos até galáxias inteiras (Princípio de Correspondência).

De toda causa resulta um efeito, e todo efeito tem uma causa, ou seja: absolutamente tudo acontece de acordo com a Lei, não existe acaso, tudo tem sua razão de ser.
Existem vários planos de Causa e Efeito. Há planos superiores que dominam os inferiores, mas nada escapa à Lei. Para ilustrar e exemplificar, vamos utilizar a visão da Cabala sobre o chok hagemul, ou Lei do Retorno.

Para tratar das várias dimensões da realidade, a Cabala utiliza-se de uma divisão em quatro planos, que são Assiah (Mundo Funcional), Yetzirah (Mundo Formativo), Briah (Mundo Criativo), e Atziluth (Mundo das Emanações). Esta divisão nos mostra como é pequena nossa percepção da realidade em que estamos inseridos, e como a grande maioria de nós está apta a compreender conscientemente apenas os ciclos de Causa e Efeito muito próximos.


No plano de Assiah, somos capazes de utilizar a lógica para determinar aquilo que é bom ou mal para nós em menor prazo. Estamos preocupados em obter rapidamente, minimizando ao máximo o custo a ser pago de imediato – porém, sem levar em consideração quaisquer reverberações posteriores destas ações.

Em Yetzirah, lidamos com nosso tesouro interno. Esta dimensão se expressa no tempo como o somatório do nosso passado emocional. Aqui reside a nossa ética, nossa honra, nossa grandeza como seres humanos: “meus negócios são bons apenas para mim, ou todos ganham comigo?”; “Faço algo por que isso será bom para ambos os lados, ou porque quero algo em troca adiante?”. Antes queríamos ganhar sem levar em conta como; em Yetzirah a maneira como ganhamos está sendo avaliada.
Quando chegamos a Briah, começamos a lidar com o Mérito de gerações passadas. Por exemplo, hoje talvez não estivéssemos vivendo com tantos problemas em nosso Planeta (poluição, superpopulação, exploração descontrolada de recursos etc), caso nossos antepassados fossem capazes de vislumbrar o resultado dos seus atos. Briah é o lugar onde nossa história coletiva é moldada ao longo dos anos, onde a nossa ação se junta à de milhares de outros seres humanos para se condensar e retornar a nós.
No universo de Atziluth, encontramos o fazer por fazer, destituído de qualquer desejo. Poder-se-ia dizer que esta é a dimensão onde reside a Vontade, cordão que une os seres humanos ao Divino. Pouco mais pode-se explicar a respeito de Atziluth, dada à distância que estamos de compreender este plano. Faço minhas as palavras de Nilton Bonder*, em seu "A Cabala do Dinheiro": “Esta é a dimensão espiritual, cuja percepção é fugidia. Nela pescamos sem redes – quando quase conseguimos perceber, algo nos escapa”.

É nestes quatro planos que a Lei de Ação e Reação atua. Uma ação pode reverberar reações em diversos planos, e aí está o segredo de como esta Lei pode ser explorada para benefício nosso e da humanidade.
Os Sábios Hermetistas observaram esta Lei e através dela aprenderam a controlar suas ações, para que possam colher reações sempre adequadas a seus objetivos. Assim, de meros peões de um tabuleiro de xadrez tornam-se os jogadores, empregando este Princípio ao invés de serem seus instrumentos.
Procurar aquilo que faz bem a nós e ao outro, que não afeta (rouba) o mundo em que vivemos, beneficiando as gerações posteriores da humanidade como um todo, nos leva a acumular pontos positivos com O Todo.

Fazer algo pensando apenas em si é egoísmo. Se optarmos, porém, pelo inverso, fazendo algo apenas pelo outro sem que nada de bom obtenhamos, é submissão: são dois extremos (Polaridade) nocivos, onde o ideal é encontrar o Equilíbrio (Ritmo). Agindo da forma correta (Causa), estaremos espalhando boas sementes que, mais cedo ou mais tarde, se tornarão doces frutos (Efeito).

Frater Amduscias