domingo, 2 de outubro de 2011

O Filme dos Espíritos



Outubro nos chega na graça da vida, e uma das grandes atrações que esse mês nos traz é o Filme dos Espíritos que estréia nos cinemas no dia 07/01/2011.
Baseado numa história real narrada segundo a leitura do cap. 52 do livro “O Espírito da Verdade”, obra ditada por Espíritos Diversos por intermédio dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Intitulado “Há um século”, o texto é de autoria do Espírito de Hilário Silva por Francisco Cândido Xavier, o filme tem como responsável pela produção a Fundação Espírita André Luiz e reúne em seu elenco artistas bem conhecidos do público brasileiro, a exemplo do protagonista Reinaldo Rodrigues, do grupo Tapa de Teatro e do Clube da Voz, e dos atores Nelson Xavier, Etty Fraser, Ênio Gonçalves, Ana Rosa e Sandra Corveloni, registrando-se ainda a participação especial da apresentadora de TV Luciana Gimenez, que entrou no elenco no lugar de Regina Duarte, que teve de deixar o filme devido a outros compromissos. Para interpretar a mulher de um pescador, Gimenez passou por um processo de maquiagem que levava em média quatro horas, de forma a envelhecê-la cerca de 30 anos.

A direção do filme foi confiada a André Marouço e Michel Dubret. Marouço é jornalista, radialista e produtor que se encontra à frente da Mundo Maior Filmes (produtora vinculada à Fundação Espírita André Luiz). Dubret é formado em cinema pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e trabalhou por quatro a nos no Studio Fátima Toledo, no casting e preparação de atores.
A peça cinematográfica é, em verdade, uma homenagem a Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, cujo aniversário de nascimento se comemora no dia 3 de outubro, e ao principal livro da doutrina espírita – “O Livro dos Espíritos”.
Por meio do filme, seus idealizadores pretendem, de um lado, incentivar o avivamento das ideias cristãs nos corações sôfregos e, de outro, obter recursos com o objetivo de patrocinar novas ações no terreno da divulgação espírita.

Eis o relato escrito por Hilário Silva:

“Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado. Fazia frio. Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos. A pressão aumentava... Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.

Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail – a doce Gaby –, a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada. O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela.

E leu: 

‘Sr. Allan Kardec:

Respeitoso abraço.

Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio. ‘Seria fácil, não sei nadar’ – pensava.
Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a Ponte Marie. Olhei em torno, contemplando a corrente... E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés. Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso: ‘Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito.  – A. Laurent.’


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Após ler a carta providencial, Allan Kardec
experimentou nova luz.

Estupefato, li a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver.’

Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um exemplar de O LIVRO DOS ESPÍRITOS ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme: ‘Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. – Joseph Perrier.’

Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro... Conchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas... Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo.
Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos... O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima...”

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